Transgeneridade e intersexualidade no ensino de genética: limites e possibilidades para uma biologia pós-crítica
DOI:
https://doi.org/10.25053/redufor.v10.e15319Palavras-chave:
Biologia, Genética, Transgêneros, IntersexualidadeResumo
Este trabalho objetiva analisar limites e possibilidades para uma Biologia pós-crítica, por meio de uma Educação Sexual Queer, visando problematizar discursos essencialistas no Ensino de Genética, para favorecer o reconhecimento de identidades/diferenças, como transgêneros e intersexuais. Embora distintas, ambas são, socioculturalmente, deslegitimadas e/ou patologizadas por discursos essencialistas que (re)produzem visões opressoras e de desinformação diante desses corpos e gêneros destoantes da cisheteronormatividade. Portanto, desenvolvemos um plano de aula referente ao Ensino de Genética em uma abordagem Queer, possibilitando extrapolar os limites dos aspectos meramente biológicos e assumir questões socioculturais sobre corpos, gêneros e sexualidades. Enquanto biólogos/as-educadores/as problematizamos discursos essencialistas, buscando desconstruir saberes e práticas sobre tais temáticas, por meio de artefatos culturais, como filmes e músicas. Assim, apontamos problematizações para questionar discursos essencialistas alicerçados no determinismo biológico, reiterando, por exemplo, que corpos “masculinos” seriam compostos pelos cromossomos XY e corpos “femininos” por XX, ampliando conhecimentos sobre a diversidade de corpos.
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