Migração estudantil e preconceito de origem geográfica: um estudo com estudantes do Norte e Nordeste brasileiro na Universidade Federal de Goiás
DOI:
https://doi.org/10.25053/redufor.v9.e13643Palavras-chave:
Mobilidade estudantil, Preconceito de origem geográfica, Acesso à educação superiorResumo
Compreende-se que a migração estudantil interestadual tem se estruturado enquanto política educacional devido ao conjunto de ações empreendidas pelo Estado brasileiro, que intencionam para essa finalidade. Neste sentido, objetiva-se com este texto conhecer as vivências dos estudantes brasileiros nortistas e nordestinos que migram para acessar à educação superior e a sua percepção do preconceito de origem geográfica. Após realizar entrevistas com estudantes provenientes dessas regiões, constatou-se que, além das dificuldades encontradas para se afiliarem institucional e intelectualmente à universidade, os que são provenientes dos estados do Norte e Nordeste do país, lidam com o preconceito de origem geográfica. Para tanto, a análise dos dados foi fundamentada nos estudos de Albuquerque Júnior (2011; 2012; 2016), Goffman (2008) e Santos (2012). Conclui-se que a permanência do estudante está vinculada às suas condições objetivas, mas não se pode diminuir o impacto de questões que afetam a subjetividade desses sujeitos, como é o caso do preconceito de origem geográfica.
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Referências
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