Professores readaptados em escolas públicas: adoecimento e perspectivas de retorno à sala de aula

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25053/redufor.v9.e12619

Palavras-chave:

Readaptação, Professores, Adoecimento

Resumo

Este artigo tem como objetivo caracterizar os professores de educação básica pública de Recife e outros municípios da região metropolitana em readaptação funcional, indicando as patologias que mais os acometem, bem como suas perspectivas de retorno à sala de aula. A pesquisa se ampara em estudos sobre adoecimento e mal-estar docente. Realizou-se um levantamento junto a 31 profissionais, que responderam a um questionário misto. As respostas foram organizadas e analisadas com o suporte do software Atlas.ti. Os resultados revelaram que o adoecimento docente é uma realidade e implica readaptação funcional. As patologias que mais afastam os docentes da sala de aula são de ordem emocional. A maior parte desses profissionais não tem expectativa de retorno à sala de aula devido às suas condições limitadas de saúde articuladas ao processo de desvalorização profissional. Os achados sugerem que a qualidade do trabalho docente exige investimentos em condições laborais, reconhecimento e valorização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patrícia Irene Santos, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE na linha de pesquisa Formação de Professores e Prática Pedagógica. Professora dos anos iniciais na Rede Municipal do Recife e na Rede Municipal do Jaboatão dos Guararapes e em cursos de Graduação e Pós-Graduação no Centro Universitário Frassinetti do Recife- UniFAFIRE.

Laêda Bezerra Machado, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora em Educação, Professora titular do Departamento de Políticas e Gestão da Educação. Docente do Programa de Pós-graduação em Educação - Linha de pesquisa: Formação de Professores e Prática Pedagógica. Centro de Educação, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Coordenadora do grupo de Pesquisa: Educação e Representações Sociais.

Referências

AQUINO, B. Professores afastados são o suficiente para 31 escoas. Correio do Estado, Campo Grande, 15 out. 2019. Disponível em: https://correiodoestado.com.br/cidades/professores-afastados-sao-br-o-suficiente-para-31-escolas/362127/. Acesso em: 10 jan. 2024.

ARAÚJO, S. C. L. G.; YANNOULAS, S. C. Trabalho docente, feminização e pandemia. Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 14, n. 30, p. 754-771, 2020. DOI: https://doi.org/10.22420/rde.v14i30.1208

BALDAÇARA, L.; SILVA, A. F.; CASTRO, J. G. D.; ARAÚJO, G. C. Sintomas psiquiátricos comuns em professores das escolas públicas de Palmas, Tocantins. Um estudo observacional transversal. São Paulo Medical Journal, São Paulo, v. 133, n. 5, p. 435-438, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/1516-3180.2014.8242810

BRAND, M. W. Do mal-estar à readaptação: o que causa o adoecimento e o afastamento da função docente?. 2013. Tese (Doutorado em Educação) – Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2013.

CEBALLOS; A. G. C.; SANTOS, G. B. Fatores associados à dor musculoesquelética em professores: Aspectos sociodemográficos, saúde geral e bem-estar no trabalho. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 702-715, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/tSNNM7hmV8zYYgFsdhZMMcj/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25 jun. 2022.

COELHO, E. A.; SILVA, A. C. P.; PELLEGRINI, T. B.; PATIAS, N. D. Saúde mental docente e intervenções da Psicologia durante a pandemia. PSI UNISC, Santa Cruz do Sul, v. 5, n. 2, p. 20-32, 2021. DOI: https://doi.org/10.17058/psiunisc.v5i2.16458

DOMINGUES, C. As significações de professores readaptados sobre as condições de trabalho docente e suas implicações no processo de adoecimento. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018.

FERREIRA, J. B.; MORAIS, K. C. S.; CIRQUEIRA, R. P.; MACEDO, A. P. Sintomas osteomusculares em professores: uma revisão de literatura. InterScientia, João Pessoa, v. 3, n. 1, p. 147-162, 2015.

FERREIRA-COSTA, R. Q.; PEDRO-SILVA, N. Ansiedade e depressão: o mundo da prática docente e o adoecimento psíquico. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 23, n. 4, p. 357-368, 2018.

GASPARINI, S. M.; BARRETO, S. M.; ASSUNÇÃO, A. A. O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 189-199, 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022005000200003

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GONÇALVES, G. B. B.; GUIMARÃES, J. M. M. Aulas remotas, escolas vazias e a carga de trabalho docente. Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 14, n. 30, p. 772-787, 2020. DOI: https://doi.org/10.22420/rde.v14i30.1203

GONTIJO, E. E. L.; SILVA, M. G.; INOCENTE, N. J. Depressão na docência: revisão de literatura. Vita et Sanitas, Trindade, v. 7, p. 87-98, 2013.

HAN, B.-C. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017.

HERMES, E. G. C.; BASTOS, P. R. H. O. Prevalência de sintomas vocais em professores na rede municipal de ensino em Campo Grande-MS. Revista Cefac, São Paulo, v. 17, n. 5, p. 1541-1555, 2015 DOI: https://doi.org/10.1590/1982-021620151751215

JUSTO, L. P.; CALIL, H. M. Depressão – o mesmo acometimento para homens e mulheres?. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 74-79, 2006. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-60832006000200007

LIMA, E. J. C. J.; LEITE, E. A. Docência e a depressão: fatores predominantes no processo. In: EDUCERE, 13., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba, 2017.

LIPP, M. E. N. Pesquisas sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco. 2. ed. Campinas: Papirus, 2001.

MEDEIROS, A. M.; VIEIRA, M. T. Distúrbio de voz como doença relacionada ao trabalho no Brasil: reconhecimento e desafios. Cadernos Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 35, n. 1, e00174219, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00171717

MENDES, M. L. M. A tradução do fracasso: Burnout em professores do Recife. 2015. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.

OLIVEIRA, D. A.; VIEIRA, L. F. Trabalho na educação básica em Pernambuco. Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente, Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco; prefácio Heleno Araújo Filho. Camaragibe: CCS, 2014.

OMS. Relatório Mundial de Saúde. Lisboa: Climepsi, 2002.

OPAS. Depressão e estresse no ambiente de trabalho cobram preço alto de indivíduos, empregadores e sociedade. Determinantes Sociais e Riscos para Saúde. Brasília, DF: OPAS/OMS, 2018.

PAIXÃO, M. A cada dia, mais de 100 professor são afastados por transtornos mentais em SP. Brasil de Fato, São Paulo, 15 out. 2019. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/especiais/a-cada-dia-mais-de-100-professores-sao-afastados-por-transtornos-mentais-em-sp. Acesso em: 10 jan. 2024.

PEREIRA, A. Em 3 anos, mais de 7,7 mil professores não aguentam pressão e pedem licença. RD News, Cuiabá, 16 fev. 2020. Disponível em: https://www.rdnews.com.br/cidades/conteudos/124139. Acesso em: 10 jan. 2024.

PEZZUOL, M. L. M. Identidade e trabalho docente: a situação do professor readaptado em escolas público do estado de São Paulo. 2008. Dissertação (Mestrado em Semiótica, Tecnologia da Informação e Educação) – Programa de Pós-Graduação em Semiótica, Tecnologia da Informação e Educação, Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, 2008.

SANTOS, P. I. A profissão docente para professores em readaptação funcional: uma análise a partir da teoria das representações sociais. 2024. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2024.

SILVA JUNIOR, L. A.; LEÃO, M. B. C. O software ATLAS.ti como recurso para a análise de conteúdo: analisando a robótica no Ensino de Ciências em teses brasileiras. Ciência & Educação, Bauru, v. 24, n. 3, p. 715-728, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1516-731320180030011

TEIXEIRA, L. 66% dos professores já precisaram se afastar por problemas de saúde. Nova Escola, São Paulo, 16 ago. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/12302/pesquisa-indica-que-66-dos-professores-ja-precisaram-se-afastar-devido-a-problemas-de-saude. Acesso em: 10 jan. 2024.

VALENTE, A. M. S. L.; BOTELHO, C.; SILVA, A. M. C. S. Distúrbio de voz e fatores associados em professores da rede pública. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 40, n. 132, p. 183-195, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/0303-7657000093814

Publicado

2024-07-05

Como Citar

SANTOS, P. I.; MACHADO, L. B. Professores readaptados em escolas públicas: adoecimento e perspectivas de retorno à sala de aula. Educ. Form., [S. l.], v. 9, p. e12619, 2024. DOI: 10.25053/redufor.v9.e12619. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/redufor/article/view/12619. Acesso em: 21 dez. 2024.