A prática pedagógica na formação inicial de professores em Cabo Verde

Perspectivas dos supervisores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25053/redufor.v5i13.1448

Palavras-chave:

Formação Inicial de Professores, Estágio Pedagógico, Supervisores, Cabo Verde

Resumo

Na formação inicial, os supervisores de estágio pedagógico exercem um papel importante na construção de identidade profissional no formando, contribuindo para que os futuros professores sejam capazes de enfrentar com sucesso a complexidade dos desafios inerentes aos contextos educativos, em constante transformação. Este artigo caracteriza o discurso acerca das práticas supervisivas de supervisores de estágio de futuros professores do Ensino Secundário/ES em Cabo Verde, procurando compreender necessidades da sua formação. Para efeito, foram concebidos, validados e aplicados questionários e aplicados questionários a 10 supervisores institucionais, 19 supervisores cooperantes e 66 estagiários, e realizadas entrevistas de aprofundamento a 3 supervisores do Ensino Superior e 3 supervisores de escolas. Os resultados mostram que urge formar os supervisores incentivando-os a terem posturas mais reflexivas e críticas, investigativas e de colaboração entre si, de modo a potenciar a qualidade da sua função supervisiva permitindo que tenham um papel cada vez mais ativo no seu desenvolvimento. Mudanças organizacionais emergem como fundamentais para melhorar o perfil de saída dos formandos e, consequentemente, da educação em Cabo Verde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isabel Salomé Miranda Santos de Lima, Escola Secundária Abílio Duarte

É Professora da Escola Secundária Abílio Duarte (ESAD), Cabo Verde; Bacharel em Ensino de História, pelo ex-Instituto Superior de Educação (ISE) de Cabo Verde; Licenciada em Ensino de História, pela Faculdade de Letras do Porto, Portugal; Doutorada em Educação área da Supervisão e Avaliação, pela Universidade de Aveiro, Portugal. Exerceu funções de Subdiretora para Assuntos Sociais e Comunitários na Escola Secundária pública “Abílio Duarte”  e na Escola Secundária privada “Alternativa”  sediadas na Ilha de Santiago – Cabo Verde, de Supervisora Cooperante no ex- ISE  e na Universidade de Cabo Verde Coordenadora das disciplinas de História, Mundo Contemporâneo, Cultura Caboverdeana e Formação Pessoal e Social; Supervisora dos Gabinetes de Orientação Escolar e Vocacional nas Escolas Secundárias ilha do Maio e Santiago e formadora na Escola Secundária Abílio Duarte. Colaboradora da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) nos cursos de Mestrado e Licenciatura. Participou em seminários; workshops e colóquios internacionais.

Ana Isabel Andrade, Universidade de Aveiro

Doutorada em Didática de Línguas pela Universidade de Aveiro Portugal. É Professora Associada com Agregação no Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro, onde tem sido responsável por unidades curriculares nos cursos de formação inicial e pós-graduada de professores e educadores. Coordenou e participou em diferentes projetos de educação e formação para a diversidade linguística, entre os quais se destaca o projeto ILTE, Intercomprehension in Language Teacher Education, financiado pela Comissão Europeia, o projeto que deu origem ao Laboratório Aberto de Aprendizagem de Línguas Estrangeiras e o projeto Línguas e Educação: construir e partilhar a formação, financiado pela FCT. É atualmente membro da equipa do projeto CARAP (Un cadre de référence pour les approches plurielles des langues et des cultures), projeto do ECML (European Center for Modern Languages), do Conselho da Europa e coordena o projeto TEDS - Teacher education for sustainability (2019 - 1- PT01 - KA201 - 060830) ERASMUS+ Key Action 2 – Cooperation for innovation and the exchange of good practices 2019 – 2022.  É sócia fundadora da Association EDiLiC e é investigadora do CIDTFF (Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Professores), sendo coordenadora do Grupo de Investigação 1, Linguagens, Discursos e Identidade, e o seu trabalho tem-se centrado sobre as questões da educação e da formação para e a partir da diversidade linguística. Conta com várias publicações e tem orientado teses de mestrado e doutoramento.

Nilza Maria Vilhena Nunes da Costa, Universidade de Aveiro

Professora titular aposentada da Universidade de Aveiro (UA) e pesquisadora integrada do Centro de Pesquisa “Didática e Tecnologia na Educação de Formadores” (CIDTFF). Seus principais interesses de pesquisa são: formação de professores (do ensino médio ao ensino superior), avaliação e avaliação e desenvolvimento de pessoal para professores (do ensino médio aos professores do ensino superior). Foi coordenadora do CIDTFF entre 2012 e 2016 e coordena, desde 2015, o Laboratório de Supervisão e Avaliação (Lab_SuA) do CIDTFF. Esteve envolvida em vários projetos financiados nacionais e internacionais, tanto como coordenadora quanto como membro da equipe de pesquisa. Foi coordenadora do Projeto Tempus TEREC - Revisão de Formação de Professores e Atualização de Currículo (sob a referência 511063-TEMPUS-1-2010-1-PT-TEMPUS-JPCR, 2010-14), a única coordenada por Portugal. É autora e coautora de diversas publicações em revistas nacionais e internacionais e revisora de revistas científicas.

Referências

ALARCÃO, I. Escola reflexiva e desenvolvimento institucional: que novas funções supervisivas. In: FORMOSINHO J. O. (Org.). A supervisão na formação de professores: da sala à escola. Porto: Porto, 2002. p. 219-236.

ALARCÃO, I. (Org.). Escola reflexiva e nova racionalidade . Porto Alegre: Artmed, 2001.

ALARCÃO, I. Formação e supervisão de professores: uma nova abrangência. Sísifo: Revista de Ciências da Educação, Feira de Santana, nº 8, p. 119-128, 2009.

ALARCÃO, I. (Org.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto, 1996.

ALARCÃO, I. Supervisão pedagógica e educação em línguas. In: BIZARRO, R.; MOREIRA, M. A. (Org.). Relevância do feedback no processo supervisivo. Mangualde: Pedago, 2010. p. 17-27.

ALARCÃO, I. Um olhar reflexivo sobre a supervisão. In: MOREIRA A. (Org.). Actas do Congresso Nacional de Supervisão. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1999. p. 256-266.

ALARCÃO, I.; ROLDÃO, M. C. Supervisão: um contexto de desenvolvimento profissional de professores. Mangualde: Pedago, 2008.

ALARCÃO, I.; TAVARES, J. Supervisão da prática pedagógica: uma perspectiva de desenvolvimento. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2016.

AMARAL, M. J.; MOREIRA, M. A.; RIBEIRO, D. O papel do supervisor no desenvolvimento do professor reflexivo. In: ALARCÃO I. (Org.). Formação reflexiva de professores. Porto: Porto, 1996. p. 89-119.

ARGYRIS, C.; SCHÖN, D. A. Theory in practice: increasing professional effectiveness. San Francisco: Jossey-Bass, 1989.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 5. ed. Lisboa: 70, 2008.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto, 1994.

CABO VERDE. Decreto-Lei nº 53/2006, de 2 de novembro. Cria a Universidade de Cabo Verde – Uni-CV e aprova os seus respectivos estatutos. Boletim Oficial nº 33 da República de Cabo Verde, Conselho de Ministro, 20 nov. 2006.

CABO VERDE. Decreto-Lei nº 54/1995, de 2 de outubro. Cria o Instituto Superior da Educação – ISE e aprova os seus respetivos estatutos. Boletim Oficial nº 33 da República de Cabo Verde, Presidência do Conselho de Ministro, 2 out. 1995.

CABO VERDE. Decreto-Lei nº 6/1996, de 20 de novembro. Cria o Instituto Superior de Educação. Boletim Oficial nº 4 da República de Cabo Verde, Presidência do Conselho de Ministro, 26 fev. 1996.

CABO VERDE. Decreto-Lei nº 70/1979, de 28 de julho. Cria o Curso de Formação de Professores do Ensino Secundário - CFPES. Boletim Oficial nº 30 da República de Cabo Verde, Conselho de Ministros, 28 jul. 1979.

CAMPOS, B. P. Formação profissional de professores no ensino superior. Porto: Porto, 2001.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências sociais e humanas. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.

COUTINHO, C. P. Metodologia de investigação em ciências sociais e humanas: teoria e prática. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2013.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

DAY, C. Desenvolvimento profissional de professores. Porto: Porto, 2001.

DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. Rio Tinto: ASA, 2001. v. 7.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Org.). Planejamento da pesquisa qualitativa: teoria e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: Artmed: Bookman, 2006.

ESTRELA, M. T. Modelos de formação de professores e seus pressupostos conceptuais. Revista de Educação, Revista de Educação, Lisboa, v. 11, n. 1, p. 17-20, 2002.

ESTRELA, M.; ESTEVE, M.; RODRIGUES, Â. Síntese da investigação sobre formação inicial de professores em Portugal (1990-2000). Porto: Porto, 2002.

FERNANDES, S. I.; VIEIRA, F. A supervisão como um jogo de subversão de regras. In: VIEIRA, F. et al. (Org.). No caleidoscópio da supervisão: imagens da formação e da Pedagogia. Amoreira: Pedago, 2009. p. 233-237.

FORMOSINHO, J. A. A academização da formação de professores. In: FORMOSINHO, J. (Org.). Formação de professores: aprendizagem profissional e acção docente. Porto: Porto, 2009a. p. 73-92.

FORMOSINHO, J. A formação prática dos professores: da prática docente na instituição de formação à prática pedagógica nas escolas. In: FORMOSINHO J. (Org.). Formação de professores: aprendizagem profissional e acção docente. Porto: Porto, 2009b. p. 93-115.

FORMOSINHO, J.; NIZA, S. Iniciação à prática profissional nos cursos de formação inicial de professores. In: FORMOSINHO J. (Org.). Formação de professores: aprendizagem profissional e acção docente. Porto: Porto, 2009. p. 119-139.

GERALDI, J. W. Pelos caminhos e descaminhos dos métodos. Educação & Sociedade, Campinas, v. 25, nº 87, p. 601-610, 2004.

GONÇALVES, M. L. Desenvolvimento profissional e educação em línguas: potencialidades e constrangimentos em contexto escolar. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2011.

IMBERNÓN, F. Formação permanente do professorado: novas tendências. São Paulo: Cortez, 2009.

LEITE, T. Planeamento e concepção da acção de ensinar. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2010.

LIMA, I. Supervisão da prática pedagógica na formação inicial de professores do ensino secundário em Cabo Verde. 2017. Tese de doutoramento não publicada, Universidade de Aveiro, Aveiro, 2017.

MESQUITA, E.; ROLDÃO, M. C. Formação inicial de professores: a supervisão pedagógica no âmbito do processo de Bolonha. Lisboa: Sílabo, 2017.

MILES, M. B.; HABERMAN, A. M. Qualitative data analysis. Thousand Oaks: Sage, 1994.

MONTERO, L. A construção do conhecimento profissional docente. Lisboa: Instituto de Piaget, 2005.

MORGADO, J. C. Currículo e profisssionalidade docente. Porto: Porto, 2005.

MOREIRA, M. A. F. L. A formação inicial de professores na Universidade do Minho: ruturas e desafios. In: ANJOS, M. A. (Ed.). Supervisores, liderança e cultura de escola. Amoreira: Pedago, 2014. p. 34-48.

NEWMAN, I.; BENZ, C. R. Qualitative-quantitative research methodology: exploring the interactive continuum. Carbondale: Shouthern Illinois University, 1998.

NÓVOA, A. Formação de professores e formação docente. In: NÓVOA, A. (Ed.). Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote,1992. p. 9-33.

NÓVOA, A. Para una formación de profesores construida dentro de la profesión. Revista de Educación, Madrid, v. 350, p. 203-218, 2009.

OLIVEIRA, L. O clima e o diálogo na supervisão de professores: supervisão e formação de professores, Cadernos CIDInE, Porto, p. 13-22, 1992.

PACHECO, J. A.; FLORES, M. A. Formação e avaliação de professores. Porto: Porto, 1999.

PARDAL, L.; LOPES, E. S. Métodos e técnicas de investigação social. Porto: Ariel, 2011.

PARLAKIAN, R. Look, listen, and learn: reflective supervision and relationship-based work. Washington, DC: Zero to Three, 2001.

PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2008.

PIMENTA, S. G. Formação de professores: identidade e saberes da docencia. In: PIMENTA S. (Org.). Saberes pedagógicos e actividade docente. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2016. p. 15-38.

QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. v. Manual de investigação em ciências sociais. 5. ed. Lisboa: Gravida, 2008.

SÁ-CHAVES, I. A construção de conhecimento pela análise reflexiva de praxis. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2002.

SÁ-CHAVES, I. Formação, conhecimento e supervisão: contributos nas áreas de formação de professores e de outros profissionais. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2011.

SAMPIERI, R. H.; CALLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006.

SIMÕES, C. M. O desenvolvimento do professor e a construção do conhecimento pedagógico. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1996.

TRINDADE, V. M. Práticas de formação: métodos e técnicas de observação, orientação e avaliação (em supervição). Lisboa: Universidade Aberta, 2007.

UNIVERSIDADE DE CABO VERDE – UNI-CV. Deliberação do Conselho da Universidade nº 003, que aprova o segundo Regulamento de Estágio Pedagógico da Universidade de Cabo Verde - Uni-CV. Consu, 19 mar. 2019.

VALA, J. Representações sociais: para uma psicologia social do pensamento social. In: MONTEIRO, J.; BENEDICTA, M. (Org.). Psicologia social. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p. 353-384.

VIEIRA, F. Formação reflexiva de professores e pedagogia para a autonomia: para a constituição de um quadro ético e conceptual da supervisão. In: FLÁVIA, V. et al. (Org.). No caleidoscópio da supervisão: imagens da formação e da pedagógia. Amoreira: Pedago, 2006a. p. 15-44.

VIEIRA, F. Para uma pedagogia transformadora na formação pós-graduada. In: FLÁVIA, V. et al. (Org.). No caleidoscópio da supervisão: imagens da formação e da pedagogia. Amoreira: Pedago, 2006b. p. 151-187.

Publicado

2020-01-02

Como Citar

LIMA, I. S. M. S. de; ANDRADE, A. I.; COSTA, N. M. V. N. da. A prática pedagógica na formação inicial de professores em Cabo Verde: Perspectivas dos supervisores. Educ. Form., [S. l.], v. 5, n. 13, p. 3–26, 2020. DOI: 10.25053/redufor.v5i13.1448. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/redufor/article/view/1448. Acesso em: 21 dez. 2024.