Relações raciais no curso de Medicina da Universidade Federal do Pará: vivências de estudantes negros e brancos
DOI:
https://doi.org/10.47149/pemo.v7.e15484Palavras-chave:
Educação Superior , Universidade, Curso de Medicina, Relações Raciais.Resumo
Neste artigo, analisamos as percepções dos discentes negros e brancos sobre as relações raciais no curso de Bacharelado em Medicina da Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. Realizamos uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa, sendo os dados coletados por meio de entrevista aberta e observação simples. Os resultados revelam a complexidade das dinâmicas raciais no campo investigado, coexistindo convivência harmoniosa e episódios de tensão racial. Nesse contexto, há a utilização do silêncio como estratégia para evitar o enfrentamento das questões raciais. Além disso, o racismo afeta a subjetividade de estudantes negros, que enfrentam estigmas e estereótipos que colocam em dúvida sua legitimidade. Há ainda a formação de grupos de apoio e redes de solidariedade entre estudantes negros como forma de resistência e estratégias de permanência, o que revela a resiliência desses discentes, assim como os limites das políticas institucionais na promoção de um ambiente universitário verdadeiramente inclusivo e antirracista.
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