Pular e vigiar: normativas das masculinidades no brincar de uma “criança negra viada”
DOI:
https://doi.org/10.47149/pemo.v7.e15353Palabras clave:
Educação, Brincadeiras, Relato de experiência, MasculinidadesResumen
Este artigo objetiva analisar os processos de subjetivação e produção corporal, com ênfase nas dinâmicas de gênero e sexualidade observadas nas brincadeiras de “pular elástico” e “pular corda” em uma escola pública de Porto Ferreira, interior de São Paulo, durante o Ensino Fundamental I, entre 2001 e 2005. O estudo é autobiográfico, no qual o autor realiza uma análise reflexiva de suas próprias memórias, visando compreender como a construção das masculinidades e a experiência do “ser criança negra viada” se manifestam na formação educativa. As experiências relatadas foram interpretadas considerando aspectos éticos relativos à confidencialidade e à análise crítica de vivências pessoais. Observa-se que tais influências extrapolam o ambiente escolar, abrangendo o recreio e o convívio familiar, nos quais emergem tensões vinculadas à religiosidade e às imposições de gênero e raça. Por fim, discute-se como determinados comportamentos são naturalizados como exclusivos a meninos ou meninas, refletindo normas sociais.
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