Experimentar o Cinema Negro: um intercessor para outras trajetividades éticas?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47149/pemo.v5.e510914

Palavras-chave:

Dimensão Pedagógica do Cinema Negro, Necropolítica, Nova Globalização, Trajetividades, Ética

Resumo

A globalização se impõe como uma produção intensa de perversidades, entendimento que se relaciona com o histórico colonial que é transversal a “nova globalização” em que o Estado facilita a necropolítica, que vulgariza o assassinato de crianças negras. Na tentativa de não permitir que diferenças se normalizem enquanto justificativa para a desigualdade, o Cinema Negro reconhece o potencial do audiovisual para deflagrar possibilidades de confronto dos conhecimentos, viabilizando a emersão de outros saberes e outras subjetividades que não sejam hegemônicos. Partindo de outras trajetividades que abram novos fluxos político de coabitação e circulação cultural, religiosa e simbólica, o presente artigo considera a animação “O Magrelo” de Prudente, como intercessor para se avançar nos enfrentamentos dessa necropolítica que, inclusive, situa-se no apagamento da negritude no cinema. Investigamos se na dimensão pedagógica do cinema negro há um dialogismo em construir uma outra globalização, mais ética, amparada na solidariedade como práxis.

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Biografia do Autor

Ana Vitória Luiz e Silva Prudente, Universidade Federal de São Paulo

Mestranda em Educação pela UNIFESP, integrante do GRIITE, pesquisa a Mostra Internacional de Cinema Negro (MICINE) sendo orientada pelo Prof. Dr. Alexandre Filordi, é assistente de produção do programa Quilombo Academia da Radio USP e produtora da MICINE.

Alexandre Filordi de Carvalho, Universidade Federal de São Paulo

Professor Associado III no Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA) pesquisador permanente do Programa de Pós-graduação da UNIFESP. É pós-doutor em Educação pela Universidad Complutense de Madrid e pela Uniersidade Estadual de Campinas, e coordenador o GRIITE/CNPq.

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Referências Audiovisuais

Alma no olho. [filme]. Direção e roteiro de Zózimo Bulbul, lançado no Rio de Janeiro em 1974, curta-metragem. (11min).

Axé alma de um povo. [filme]. Direção e roteiro de Celso Luiz Prudente, Angola e Brasil. 1990. Curta-metragem. (15min).

Por que a Eritréia? [filme]. Direção e produção: Ari Cândido. Lançado em São Paulo em 1978.

O Magrelo. [filme]. Direção: Celso Luiz Prudente; Roteiro: Ivan Ferrer Maia, Anderson Brasil e Celso Luiz Prudente. Lançado em São Paulo em 2022.

Publicado

2023-09-12

Como Citar

PRUDENTE, A. V. L. e S.; CARVALHO, A. F. de. Experimentar o Cinema Negro: um intercessor para outras trajetividades éticas?. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades - Rev. Pemo, [S. l.], v. 5, p. e510914, 2023. DOI: 10.47149/pemo.v5.e510914. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/revpemo/article/view/10914. Acesso em: 16 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Cinema Negro