O DISCURSO DA SAUDABILIDADE NA PUBLICIDADE DOS ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS: UMA ANÁLISE DA CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA MARCA DEL VALLE “O SEGREDO É CARINHO”
Palavras-chave:
Comunicação e consumo, Discurso, Publicidade, Saudabilidade, Alimentos industrializadosResumo
De encontro à crescente industrialização de alimentos no começo do século XXI, surgiu um movimento discursivo contrário ao argumento da facilitação das tarefas domésticas: o de alimentos saudáveis. Com isso, a publicidade de alimentos industrializados readequou seu discurso comunicativo, explorando o discurso da saudabilidade como forma de mantê-los nas relações de consumo. Diante disso, refletimos sobre esse processo de subjetivação para compreender de que forma o discurso publicitário utiliza-se de uma estratégia de retorno à natureza e aproximação familiar para ressignificar o consumo de alimentos industrializados. Para isso, analisamos a campanha publicitária da marca Del Valle “O segredo é carinho”, que se apropria do discurso identitário que envolve o estereótipo de mãe como provedora de afeto para os filhos, destacando associações com a relação mãe e filhos, aliado ao discurso da saudabilidade, numa relação direta com o processo produtivo de seus produtos. Para melhor caracterizar os estereótipos utilizados, serão também analisados blogs com conteúdos voltados para o perfil identitário de mães, como “Macetes de mãe”, “Mil dicas de mãe” e “De mãe para mamãe”. Conduziremos nossos olhares a partir das imbricações conceituais de sociedade, cultura, mídia e consumo com base em Garcia Canclini, Slater e Baccega. Os conceitos sobre identidade, sistemas de significação e representação cultural postulados por Stuart Hall e Manuel Castells também permeiam a análise proposta, possibilitando, enfim, uma reflexão consistente sobre as teias de sentido que engendram o campo midiático e, especificamente, a publicidade de produtos industrializados, no atual cenário de ênfase em uma alimentação saudável.
Downloads
Referências
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: LIMA, LuizC. Teoria da Cultura de Massa. 3ª ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
BOSI, E. (1992). Entre a opinião e o estereótipo. Novos Estudos CEBRAP, 32, 111-118. Disponível em: http://novosestudos.org.br/v1/files/uploads/contents/66/20080625_entre_a_opiniao_e_o_estereotipo.pdf. Acesso em 11-12-2015.
BOURDIEU, Pierre. A Distinção – crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: Zouk, 2008.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
CHAUI, Marilena. Simulacro e poder: uma análise da mídia. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 2006.
GARCIA CANCLINI, Néstor. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1999.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: Europa 1789-1848. 25. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
LIPPMANN, Walter. Estereótipos. In: STEINBERG, Charles S. (org.). Meios de comunicação de massa. Trad. Otávio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1972.
MÉDOLA, Ana Sílvia Lopes Davi e REDONDO, Léo Vitor Alves. Interatividade e persuasividade na produção da ficção televisiva brasileira no mercado digital. Matrizes, Ano 3, nº 1 ago./dez., 2009.
MOTA-RIBEIRO, Silvana. Retratos de mulher: construções sociais e representações visuais no feminino. Porto: Campo das Letras, 2005.
PELLERANO, Joana A. Embalados e prontos para comer: relações de consumo e incorporação de alimentos industrializados. 2014. 127 f. Dissertação (Mestrado em ciências sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo-SP.
QUESSADA, Dominique. O poder da publicidade na sociedade consumida pelas marcas: como a globalização impõe produtos, sonhos e ilusões. São Paulo: Futura, 2003.
SLATER, Don. Cultura do consumo & modernidade. São Paulo: Nobel, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Virgínia Albuquerque Patrocínio Alves, Marcia Perencin Tondato
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os autores que publicam na Linguagem em Foco concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação. Os artigos estão simultaneamente licenciados sob a Creative Commons Attribution License que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da sua autoria e da publicação inicial nesta revista.
- Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores. Para tanto, solicitamos uma Declaração de Direito Autoral, que deve ser submetido junto ao manuscrito como Documento Suplementar.
- Os autores têm autorização para disponibilizar a versão do texto publicada na Linguagem em Foco em repositórios institucionais ou outras plataformas de distribuição de trabalhos acadêmicos (ex. ResearchGate, Academia.edu).