CITAR OU NÃO CITAR, EIS A QUESTÃO (OU A INUSITADA UNIÃO LITERÁRIA DE SHAKESPEARE E LEWIS CARROLL PARA DEFENDER EUCLIDES)
DOI:
https://doi.org/10.30938/bocehm.v4i11.40Palavras-chave:
Lewis Carroll. Shakespeare. Ensino de Geometria. Euclides e seus Rivais Modernos.Resumo
Este artigo integra a série de estudos que temos feito, nos últimos anos, sobre as inter-relações entre Matemática e Literatura, com especial ênfase nas obras de Lewis Carroll. Ao traduzir seu livro Euclid and his Modern Rivals para a língua portuguesa, chamou-nos a atenção a quantidade de citações feitas a partir das peças de Shakespeare. A partir daí, pesquisamos a estreita relação entre Carroll e o teatro para compreender como esta arte influenciou alguns de seus escritos e como ele se apropriou das falas escritas pelo dramaturgo inglês para construir uma obra matemática cujo objetivo principal era defender a permanência d’Os Elementos de Euclides como o único livro-texto para o ensino de Geometria na Inglaterra Vitoriana. Nossa pesquisa sobre as obras de Carroll ganhou fôlego novo pelo acesso aos diários e cartas de Carroll, possibilitado pela nossa participação no Brazil Visiting Fellowship Scheme, da University of Birmingham[1], em 2016. Com a concepção de que qualquer disciplina deveria investir também no processo de aprendizagem de leitura e de escrita, este artigo se propõe a apontar um exemplo de como textos literários podem ser aproximados das aulas de Matemática, no curso de formação de professores; a discussão de temáticas implícitas nos textos têm o objetivo de estimular no aluno uma visão ainda mais ampla sobre os modos como a Matemática se relaciona com outras formas do conhecimento e com outras artes.
[1] Gostaríamos de agradecer profundamente ao professor John Holmes (Department of English Literature, University of Birmingham, Inglaterra) que, nos acolhendo como fellow, dividiu seus conhecimentos conosco e nos introduziu na Bodleian Library, em Oxford, onde tivemos acesso às cartas e aos diários de Carroll.