Ambiente Virtual

evidências de luto complicado em sobreviventes afetados pela COVID-19

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59487/2965-1956-2-11072

Palavras-chave:

luto complicado, COVID-19, redes sociais

Resumo

Diante da emergência de saúde pública ocasionada pela Covid-19 que instaurou crises sanitárias e humanitárias, uma consequência inferente é o aumento da incidência do luto pela perda parental, que pode deixar de seguir o curso tido como “normal” e se estabelecer como “persistente” diante do inusitado cenário pandêmico. O objetivo deste estudo foi identificar em um grupo de internautas brasileiros as evidências do estado de enlutamento complicado atribuído ao óbito pelas sequelas do coronavírus. Com base no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, um questionário estruturado, contendo seis perguntas objetivas foi elaborado e aplicado em ambiente virtual criado especificamente para discussões sobre o processo de morte e o morrer pela Covid-19. Participaram da pesquisa Survey 234 pessoas que se reconheciam como enlutadas, destas, 50,4% vivenciam o luto há mais de um ano; 64,1% entendem que o luto não ameniza com o tempo; 73,% não consideram a retomada da qualidade de vida; 21,4% sentem que a sociedade compreende seus pesares; 60,7% não têm acesso a algum tipo de terapia; e 85,7% reconhecem a internet como a mais eficaz rede de apoio por estarem com seus pares. Conclui-se que, no grupo pesquisado, parcela substancial desenhou o perfil do Luto Complicado e a outra fração segue traçando as mesmas linhas de evidências, o que sugere a necessidade de cuidados integrais, tendo em vista a efetividade da promoção da saúde mental e a concretização da prevenção de agravos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Márden Cardoso Miranda Hott, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Doutora em Ciências da Educação e Saúde Pública; Mestra em Saúde Coletiva e Comunicação Humana; Especialista em Pedagogia para o Ensino em Saúde. Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde Mental, Àlcool e Outras Drogas - Universidade Federal de Minas Gerais.

Referências

GIOVANELLA, L. et al. A contribuição da Atenção Primária à Saúde na rede SUS de enfrentamento à Covid-19. Saúde em Debate, v. 45, n. 130, p. 748-762, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-11042020E410. Acesso em: 5 jan. 2022.

KOVÁCS, M. Educadores e a morte. Psicologia Escolar e Educacional, v. 16, n. 1, p. 71-81, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pee/a/gvYZXXFXmV89Jq66KmvcWJf/abstract/?lang=pt. Acesso em: 9 jan. 2022.

PEREIRA, C. et al. O processo de luto inerente à morte da infância à velhice. Revista de Psicologia da Criança e do Adolescente, Lisboa, v. 5, n. 2, p. 31–42, 2015. Disponível em: http://revistas.lis.ulusiada.pt/index.php/rpca/article/view/1869. Acesso em: 4 jan. 2022.

SCANLON, J.; McMAHON, T. Dealing with mass death in disasters and pandemics. Disaster Prevention and Management, v. 20, n. 2, p. 172-185, 2011. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1108/09653561111126102. Acesso em: 10 de jan. 2022.

TAYLOR, S. The psychology of pandemics: preparing for the next global outbreak of infectious disease. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing. 2019. Disponível em:https://cambridgescholars.com/the-psychology-of-pandemics. Acesso em: 07 jan. 2022.

SHOJAEI, S.; MASOUMI, R. The importance of mental health training for psychologists in COVID-19 outbreak. Middle East Journal of Rehabilitation and Health Studies, v. 7, n. 2, e102846, 2020. Disponível em: https://dx.doi.org/10.5812/mejrh.102846. Acesso em: 05 de jan. 2022.

LOPES, F. et al. A dor que não pode calar: reflexões sobre o luto em tempos de Covid-19. Psicologia USP, v. 32, p. 1-13, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/vwSkrFpx4syBrf3pckBc6WK/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 04 jan. 2022.

PARKES, C. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta (3a ed.). São Paulo, SP: Summus, 1998.

APA. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (5a ed). Porto Alegre, RS: Artmed, 2014.

WORDEN, J. Grief counseling and grief therapy: a handbook for the mental health practitioner New York: Springer, 2018.

RIOS, A. et al. Atenção Primária à Saúde Frente à COVID-19 em um Centro de Saúde. Enferm. Foco, v. 11, n. 1, p. 246-251, 2020. Disponível em: http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2020/09/atencao-primaria-saude-covid-19-relato-experiencia.pdf. Acesso em: 15 jan. 2022.

WEIR, K. Grief and COVID-19: mourning our bygone lives. American Psychological Association. 2020. Disponível em: https://www.apa.org/news/apa/2020/04/grief-covid-19. Acesso em: 11 jan. 2022.

MEYER, E. Death in the age of eternity: how Facebook users cope with personal loss (Unpublished master’s thesis). Iwoa State University. 2016. Disponível em: https://lib.dr.iastate.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=6779&context=etd. Acesso em: 04 de jan. 2022.

BAJWAH, S. et al. Managing the supportive care needs of those affected by COVID-19. European Respiratory Journal, v. 55, n. 4, p. 2000815, 2020. Disponível em: https://erj.ersjournals.com/content/55/4/2000815. Acesso em: 4 jan. 2022.

FOWLER, F. Pesquisa de levantamento. Tradução: Rafael Padilla Ferreira. Porto Alegre: Penso, 2011.

OLIVEIRA, T. Amostragem não Probabilística: Adequação de Situações para uso e Limitações de amostras por Conveniência, Julgamento e Quotas. Administração On Line, v. 2, n. 3, 2001. Disponível em: https://pesquisa-eaesp.fgv.br/sites/gvpesquisa.fgv.br/files/arquivos/veludo_-_amostragem_nao_probabilistica_adequacao_de_situacoes_para_uso_e_limitacoes_de_amostras_por_conveniencia.pdf. Acesso em: 14 jan. 2022.

ESTRELA, C. O Que é a Rede Mundial de Computadores. Disponível em: https://www.hostinger.com.br/tutoriais/rede-mundial-de-computadores. Acesso em: 31 jan. 2022.

MLABS. Quais são as principais redes sociais no Brasil? Disponível em: https://www.mlabs.com.br/blog/diferencas-entre-as-principais-redes-sociais/. Acesso em: 12 jan. 2022.

WE ARE SOCIAL. Estudo anual sobre redes sociais/2021. Disponível em: https://wearesocial.com/uk/. Acesso em: 10 jan. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução no 510, de 7 de abril de 2016. Trata sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em ciências humanas e sociais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 maio 2016.

ROCHA, T. Pesquisa em redes sociais na Internet: Os discursos no ciberespaço. Educ. foco, v. 23, n. 1, p. 225-244, 2018. Disponível em: file:///C:/Documents%20and%20Settings/Usuario/Desktop/19982-Texto%20do%20artigo-81098-4-10-20190730.pdf. Acesso em: 15 de jan. 2022.

DELALIBERA, M. et al. Adaptação e validação brasileira do instrumento de avaliação do luto prolongado - PG- 13. Psicologia: Teoria e Prática, v. 19, n. 1, p. 94-106, 2017. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1938/193851916006.pdf . Acesso em: 10 de jan. 2022.

MURPHY, S. et al. “Bereaved parents’ outcomes 4 to 60 months after their children’s deaths by accident, suicide, or homicide: a comparative study demonstrating differences.” Death studies, v. 27, n. 1, p. 39-61, 2003. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12508827/. Acesso em: 16 fev. 2023.

WALLACE, C. et al. Grief during the COVID-19 pandemic: considerations for palliative care providers. Journal of Pain and Symptom Management, v. 60, n. 1, p. 70-76, 2020. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1016/j.jpainsymman.2020.04.012. Acesso em: 10 de jan. 2022.

GILL, T; FEINSTEIN, A. Uma avaliação crítica da qualidade das medidas de qualidade de vida.Jama, v. 272, n. 8, pág. 619-626, 1994. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/378367. Acesso em: 16 fev. 2023.

GIAMATTEY, M. et al. Rituais fúnebres na pandemia de COVID-19 e luto: possíveis reverberações. Esc Anna Nery, v. 26, e20210208, 2022. Disponível em:https://www.scielo.br/j/ean/a/zGDv9BZ6Lc44fxJFBBz8ktC/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 15 jan. 2022.

SOUSA, R. Vulnerabilidade, vida precária e luto: os impactos da pandemia da Covid-19 no Brasil. UNIFESSPA contra a Covid-19. 2020. Disponível em: https://acoescovid19.unifesspa.edu.br/images/Vulnerabilidade_vida_prec%C3%A1ria_e_luto_os_impactos_da_pandemia_da_Covid-19_no_Brasil_-_25_de_maio.pdf . Acesso em: 01 jan. 2022.

GUINA, J. et al. Benzodiazepines for PTSD: a systematic review and meta-analysis. J Psychiatr Pract., n. 21, p. 281-303. 2015.

RIBEIRO, A.; FITARONI, J A expressão do luto no Facebook: uma análise de publicações na rede social. TCC-Psicologia, 2018. Disponível em: https://www.repositoriodigital.univag.com.br/index.php/Psico/article/view/98. Acesso em: 16 fev. 2023.

BOUSSO, R S. et al. Facebook: um novo locus para a manifestação de uma perda significativa. Psicologia Usp, v. 25, p. 172-179, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/xPYxKvNwrN76gNMVrsmj5Hd/?format=html&lang=pt. Acesso em: 16 fev. 2023.

Downloads

Publicado

2023-09-09

Como Citar

1.
Hott MCM. Ambiente Virtual: evidências de luto complicado em sobreviventes afetados pela COVID-19. Dialog Interdis Psiq S Ment [Internet]. 9º de setembro de 2023 [citado 13º de novembro de 2024];2(2):e11072. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/dipsm/article/view/11072