O papel das práticas espaciais na construção da vulnerabilidade a desastres

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59040/GEOUECE.2317-028X.v13.n24.e202405

Palavras-chave:

Práticas espaciais, Vulnerabilidade, Processos de Vulnerabilização, Desastre

Resumo

O trabalho constitui um esforço teórico de compreensão sobre os nexos entre a produção do espaço - a partir da categoria das práticas espaciais, e a produção da vulnerabilidade a desastres. Desastres são simultaneamente eventos e processos sociais resultantes da inter-relação entre um hazard e uma sociedade humana, onde a vulnerabilidade se constitui como um fator chave na constituição do risco. As práticas espaciais, por sua vez, compreendem uma categoria de prática social cujo cerne se encontra vinculado à espacialidade dessas práticas, ou, em outras palavras, à capacidade de inscrição no espaço dos resultados dessas práticas, e de suas reverberações, a partir do espaço, sobre os grupos humanos. Neste sentido, as relações sociais vão sendo inscritas no espaço, marcando materialmente as diferenças e desigualdades do campo social. É nesse contexto que se inscreve a produção de vulnerabilidades,  que se configuram como vulnerabilidade a desastre em face de um hazard, seja ele de origem natural ou antrópica. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Ana Carolina Vicenzi Franco, Universidade do Estado de Santa Catarina

Graduada em Geografia-bacharelado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Possui especialização em Gestão de Risco de Desastres para o Desenvolvimento Socioambiental. É mestra e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental da mesma instituição.

Vera Lúcia Nehls Dias, Universidade do Estado de Santa Catarina

Cientista Social, Doutora em Geografia. Professora aposentada do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental da Universidade do Estado  de Santa Catarina (PPGPLAN/UDESC).

Referências

ACOSTA, Virgínia Garcia (Coord.). Historia y desastres en America Latina volumen I. Ciudad de México: Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina (La Red); Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social (CIESAS), 1996. Disponível em

https://www.desenredando.org/public/libros/1996/hydv1/HistoriaYDesastresVol_I-1.0.0.pdf. Acesso em 23 fev. 2020.

ACSELRAD, Henri. Vulnerabilidade social, conflitos ambientais e regulação urbana. O Social em Questão. v.18 n.33, 2015. p. 57-68. Disponível em http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/OSQ_33_1_Acserald.pdf. Acesso em 15 maio 2020.

ACSELRAD, Henri. O conhecimento do ambiente e o ambiente do conhecimento: anotações sobre a conjuntura do debate sobre vulnerabilidade. Em Pauta. v.11 n.33, jul/dez 2013. p. 57-68. Disponível em

https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/article/download/10158/8142. Acesso em 15 maio 2020.

ACSELRAD, Henri. Vulnerabilidade Ambiental, Processos e Relações. In: FERREIRA, Heline Sivini; LEITE, José Rubens Morato BORATTI, Larissa Verri (Orgs.). Estado de Direito Ambiental: tendências. 2ed.Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010, p. 95-103.

CORRÊA, Roberto Lobato. Sobre agentes sociais, escala e produção do espaço: um texto para discussão. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri. SOUZA, Marcelo José Lopes de. SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (orgs.). A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. 1. ed., 8 reimpr. São Paulo: Contexto, 2020. p. 41–51.

CORRÊA, Roberto Lobato. Diferenciação sócio-espacial, escala e práticas espaciais. Cidades. v.4 n. 6. Rio de Janeiro, 2007. p. 62–72. Disponível em

https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/cidades/article/view/12795/8363. Acesso em 03 nov. 2021.

CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço: um conceito chave da Geografia. In: CASTRO, Iná Elias de. GOMES, Paulo César da Costa. CORRÊA, Roberto Lobato. Geografia: conceitos e temas. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. p. 15–47.

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. 3 ed. São Paulo: Ática, 1995.

CORRÊA, Roberto Lobato. Corporação, práticas espaciais e gestão do território. Anuário do Instituto de Geociências. v.15. Rio de Janeiro, 1992. p. 34–41. Disponível em https://revistas.ufrj.br/index.php/aigeo/article/view/5934/4531. Acesso em 03 nov. 2021.

CUTTER, Susan. L. Are we Asking the Right Question? In: PERRY, Ronald. QUARANTELLY, E. L. (Eds). What is a Disaster?: New Answers to Old Questions. S:l., Xlibris, 2005. p. 39-48.

FERNANDES, Edésio. Estatuto da Cidade, mais de 10 anos depois: razão de descrença, ou razão de otimismo?. Rev. UFMG, v.20 n.1. Belo Horizonte, jan./jun. 2013. p. 212-233.

GILBERT, Claude. Studying Disaster: changes in the main conceptual tools. In: QUARANTELLI, Enrico Louis (Ed.). What is a disaster?: Perspectives on the question. London and New York: Routledge, 1998. p. 11-18.

GUHA-SAPIR, Debarati. HOYOIS, Philippe. WALLEMACQ, Pascaline. BELOW, Regina. Annual Disaster Statistical Review 2016: the numbers and trends. CRED/IRSS - Université Catholique de Louvain. Belgium, 2017.

HARVEY, David. A Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. Tradutores Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2008.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradutor Carlos Szlak. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2006.

LAVELL, Allan. Degradación ambiental, riesgo y desastre urbano: problemas y conceptos: hacia la definición de uma agenda de investigación. In: FERNÁNDEZ, Maria Augusta (Comp.). Ciudades en riesgo: degradación ambiental, riesgos urbanos y desastres. [S.l.]: Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina, 1996. Disponível em: https://desenredando.org/public/libros/1996/cer/CER_cap02-DARDU_ene-7-2003.pdf. Acesso em: 20 jan. 2019.

LEFEBVRE, Henri. The production of space. Cornwall: Blackwell, 1991.

MARANDOLA JR., Eduardo. HOGAN, Daniel Joseph. Natural hazards: o estudo geográfico dos riscos e perigos. Ambiente & Sociedade (online). 2004, v. 7, n. 2 , p. 95-110. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-753X2004000200006. Acesso em 16 Abril 2020.

MARICATO, Ermínia. Para entender a crise urbana. São Paulo: Expressão Popular, 2015.

MARICATO, Ermínia. A terra é o nó. In: MARICATO, Ermínia. O impasse da política urbana no Brasil. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 183 – 214.

MARSKEY, Andrew (comp.). Los desastres no son naturales. La Red - Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina. 1993. Disponível em:

https://www.desenredando.org/public/libros/1993/ldnsn/LosDesastresNoSonNaturales-1.0.0.pdf. Acesso em 14 out 2021.

MIRAFTAB, Faranak. Insurgência, planejamento e a perspectiva de um urbanismo humano. Rev. Bras. Estud. Urbanos Reg. (Online), Recife, v.18, n.3, p.363-377, set.-dez. 2016. Disponível em http://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/5499. Acesso em 24 fev 2019.

OLIVER-SMITH, Anthony. HOFFMAN, Susanna M. Why Anthropologists Should Study Disasters. In: HOFFMAN, Susanna M. OLIVER-SMITH, Anthony (Eds.) Catastrophe & Culture: The Anthropology of Disaster. School of American Research advanced seminar series, 2011. p. 03-22.

OLIVER-SMITH, Anthony. Theorizing Disasters: Nature, Power and Culture. In: HOFFMAN, Susanna M. OLIVER-SMITH, Anthony (Eds.) Catastrophe & Culture: The Anthropology of Disaster. School of American Research advanced seminar series, 2011. p. 23-47. Disponível em: https://anthonyoliver-smith.net/images/downloads/catastropheandculture-theorizingdisasters.pdf. Acesso em 20 fev. 2020.

OLIVER-SMITH, Anthony. “What is a Disaster?”: Anthropological perspectives on a persistent question. In: OLIVER-SMITH, Anthony; HOFFMAN, Susanna M. (Eds.) The Angry Earth: disasters in anthropological perspective. New York: Routledge, 1999. p. 18-47.

PERRY, Ronald W. What is a disaster? In: RODRÍGUEZ, Havidán; QUARANTELLI, Enrico L.; DYNES, Russell R. (Eds.). Handbook of Disaster Research. New York: Springer, 2007. p. 3-15.

QUARANTELLI, E. L. LAGADEC, P. BOIN, A. A. A Heuristic Approach to Future Disasters and Crises: New, Old, and In-Between Types. In: RODRÍGUEZ, Havidán; QUARANTELLI, Enrico L.; DYNES, Russell R. (Eds.). Handbook of disaster research. New York: Springer, 2007. p. XXIII-XX.

RODRÍGUEZ, Havidán; QUARANTELLI, Enrico L.; DYNES, Russell R. Editor’s Introduction. In: ______ (Eds.). Handbook of disaster research. New York: Springer, 2007. p. XXIII-XX.

ROLNIK, Raquel. Financeirização global da moradia. In: ______. Guerra dos Lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. São Paulo: Boitempo, 2015. p. 19-140.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. 8. reimpr. São Paulo: EDUSP, 2014.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: Da Crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. 6. ed.São Paulo: EDUSP, 2004.

SMITH, Neil. There’s no such thing as a natural disaster. Items: Insights from the Social Sciences (online). 16 Jun 2006. Disponível em

https://items.ssrc.org/understanding-katrina/theres-no-such-thing-as-a-natural-disaster/. Acesso em 23 nov. 2021.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. 6 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2021.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. Com o Estado, apesar do Estado, contra o Estado: Os movimentos urbanos e suas práticas espaciais, entre a luta institucional e a ação direta. Cidades, [S. l.], v. 7 n. 11., p. 13-47, 2010. [número temático Formas espaciais e políticas urbanas].

UNISDR – Estrategia Internacional para La Reducción de Desastres. Terminologia sobre Reducción Del Riesgo de Desastres. Ginebra: UNISDR, 2009. Disponível em http://www.unisdr.org. Acesso em: 12 mar 2019.

VAINER, Carlos. Pátria, empresa e mercadoria: notas sobre a estratégia discursiva do Planejamento Estratégico Urbano. In: ARANTES, Otília. VAINER, Carlos. MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 75-103.

VALENCIO, Norma. A crise social denominada desastre: subsídios para uma rememoração coletiva acerca do foco principal do problema. In: VALENCIO, Norma (org.). Sociologia dos Desastres: construção, interface e perspectivas no Brasil. São Carlos, RiMa, 2013. (Volume 3). [Apoio CRESS/RJ]. Disponível em:

http://iep.mprj.mp.br/documents/221399/239522/sociologia_desastres_vol_iii_e_book.pdf. Acesso em 20 fev. 2020.

WILCHES-CHAUX, Gustavo. La vulnerabilidad global. In: WILCHES-CHAUX, Gustavo. Desastres, ecologismo y formación professional. Popayán: Servicio Nacional de Aprendizaje,1989.

WISNER, Ben. BLAIKIE, Piers. CANNON, Terry. DAVIS, Ian. The challenge of disasters and our approach. In: WISNER, Ben. et al. At Risk: natural hazards, people’s vulnerability and disasters. New York: Routledge, 2004. p. 3-48.

WISNER, Ben. BLAIKIE, Piers. CANNON, Terry. DAVIS, Ian. The disaster pressure and release model. In: WISNER, Ben. et al. At Risk: natural hazards, people’s vulnerability and disasters. New York: Routledge, 2004a. p. 49-86.

WISNER, Ben. BLAIKIE, Piers. CANNON, Terry. DAVIS, Ian. Access to resources and coping in adversity. In: WISNER, Ben. et al. At Risk: natural hazards, people’s vulnerability and disasters. New York: Routledge, 2004b. p. 87-124.

Downloads

Publicado

2024-05-16

Como Citar

VICENZI FRANCO, A. C.; NEHLS DIAS, V. L. O papel das práticas espaciais na construção da vulnerabilidade a desastres . Revista GeoUECE, [S. l.], v. 13, n. 24, p. e202405, 2024. DOI: 10.59040/GEOUECE.2317-028X.v13.n24.e202405. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/GeoUECE/article/view/11879. Acesso em: 24 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos