Migração de retorno da fronteira do Paraguai com o Brasil: redes, vínculos e transterritorialidades
DOI:
https://doi.org/10.59040/GEOUECE.2317-028X.v12.n22.e202304Palavras-chave:
Fronteira; Migração de Retorno; Redes; Paraguai; Brasil.Resumo
O presente artigo analisou a migração de retorno de brasileiros do Paraguai no período de 1970 a 2020, problematizando diferentes casos de retorno, visando perceber a influência da fronteira nestas mobilidades. O delineamento metodológico foi conduzido pela história oral, na modalidade de história oral de vida, oriundo das pesquisas realizadas entre 2019 a 2022, com retornados residentes nos municípios de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu. Na primeira parte, fizemos uma discussão teórica em torno dos conceitos de fronteira e migração de retorno. Na segunda parte, analisamos diferentes situações de retorno para esta região de fronteira. Como resultado, observou-se que a busca pela educação, saúde, aposentadoria, reuniões familiares, trabalho, pandemia de Covid-19, levaram o retorno de brasileiros do Paraguai. Retornos para municípios fronteiriços brasileiros que podem acontecer articulados pela presença de redes, principalmente, familiares ou pela proximidade destes municípios com o antigo país de destino onde estes possuem vínculos. Assim, conclui-se que estes retornos para a fronteira fazem parte de estratégias desses imigrantes para acessar serviços, principalmente do lado brasileiro, e manter os vínculos com o espaço anterior, onde estes possuem familiares, trabalhos, possibilitando idas e vindas, transterritorialidades, entre os dois países.
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