A relação atividade-afetividade na formação inicial de uma professora de francês
DOI:
https://doi.org/10.46230/2674-8266-13-5454Palavras-chave:
Afetos, Formação docente, Clínica da atividade, Professor inicianteResumo
A afetividade do trabalhador e seu intelecto caminham juntos, portanto, é pertinente levar-se em consideração a importância dos afetos para a atividade laboral. Nessa perspectiva, este artigo objetiva investigar como uma professora estagiária é afetada em sua prática docente, identificando, assim, os fatores que interferem/agem nessa afetação, além de perceber de que maneira essa professora é afetada em sua formação, ao confrontar-se consigo mesma. Para tanto, recorremos aos pressupostos teóricos da Ergonomia da Atividade; da Clínica da Atividade; da Teoria dos Afetos de Spinoza; e da Filosofia da Linguagem de Bakhtin e o Círculo. Esta investigação é um recorte de uma pesquisa sobre atividade docente e formação de professores realizada em uma universidade pública, entre 2011 e 2013, com duas professoras de francês em formação, contudo, o presente artigo traz apenas situações de sala de aula e de autoconfrontação simples (ACS) com uma das participantes. Partindo de diálogos de ACS, analisamos enunciados que indicam afetação da professora em sua atividade e em sua formação. Em nossas análises, percebemos que a docente sofre uma diminuição de seu poder de agir, tendo sua atividade amputada em decorrência de um trabalho com uma turma que apresenta alguns desafios, ao mesmo tempo em que observamos um aumento de seu poder de agir como aluna, já que ela se vê capaz de mudar situações na sala de aula em que se encontra como discente, e, a partir daí, há a descoberta de uma nova forma de ser professora após confrontar-se consigo mesma.
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