Como Fazer Corpos com Palavras?

Uma Reflexão Sobre a Produção Performativa de Identidades de Gênero

Autores

  • Marco Antonio Lima do Bonfim
  • Claudiana Nogueira de Alencar
  • José Ernandi Mendes

DOI:

https://doi.org/10.46230/2674-8266-11-2921

Palavras-chave:

Performatividade, Corpo, Identidades de gênero

Resumo

O presente artigo teve como objetivo discutir a relação entre linguagem e corpo nos estudos da linguagem, refletindo sobre as implicações teóricas desta relação para os estudos relacionados à produção de identidades de gênero. Para tanto, refletimos principalmente, sobre a teoria dos atos de fala (AUSTIN, 1990), nos trabalhos de Butler (1997, 1999, 2000, 2012) e Pinto (2002, 2007, 2009) a respeito da estilização de gênero em linguagem, bem como no estudo de Silva (2005) sobre a construção performativa de identidades de gênero. Desta forma, pretendemos demonstrar que os estudos linguísticos que lidam com o tema da(s) identidade(s) devem considerar a relação inevitável entre corpo, linguagem e poder, sob pena de ficarem reféns de uma abordagem reducionista do uso linguístico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AUSTIN, J. L. How to do things with words. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 1976.

______. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

______. Performativo-constativo. In: OTTONI, Paulo Roberto. Visão performativa da linguagem. Campinas: Editora da UNICAMP, 1998. p. 107-144. (Viagens da Voz. Apêndice).

BONFIM, M. Dizendo e fazendo o Sem Terra assentado no MST-CE: rabiscos de uma pragmática etnográfica. Revista Passagens. Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará, v. 6, n.1, p. 93-113, 2015.

BUTLER, J. Excitable speech: a politics of the performative. New York: Routledge, 1997.
______. Como os corpos se tornam matéria: entrevista. Estudos feministas, Florianópolis, v. 7, n. 1-2, p. 155-167, 1999.

______. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, G. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 151-166.

______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

DERRIDA, J. Limited Inc. Paris: Éditions Galilée, 1990.

HALL, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T.T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. p. 103-129.

LOURO, G. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, G. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 7-26.

OLIVEIRA, M. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

OTTONI, P. Visão performativa da linguagem. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1998.

PINTO, J. Estilizações de gênero em discurso sobre linguagem. 2002. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2002.

______. Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 23, n. 1, 2007.

______. O corpo de uma teoria: marcos contemporâneos sobre os atos de fala. Cadernos Pagu, Campinas, v. 33, p.117-138, jul.-dez. 2009.

RAJAGOPALAN, K. Atos ilocucionários como jogos de linguagem. Estudos linguísticos, Lorena, n. 18, p. 523-530, 1989.

______. Dos dizeres diversos em torno do fazer. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 6, n. 2, p. 223-254, 1990.
______. A irredutabilidade do ato ilocucionário como fator inibidor do êxito das tentativas taxonômicas. D.E.L.T.A., São Paulo, v. 8, n. 1, p. 91-133, 1992a.

______. O Austin do qual a Lingüística tomou conhecimento e a Lingüística com a qual Austin sonhou. Cadernos de estudos linguísticos, Campinas, n. 30, p. 105-116, 1996a.

______. A questão da referência e interpretação na teoria dos atos de fala. In: CASTRO, Maria Fausta Pereira de (Org.). O método e o dado no estudo da linguagem. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996b.

______. Linguistics, ideology and the ethical questions. [Campinas: s.n., 1997a]. [mimeo]

______. O conceito de identidade em linguística: é chegada a hora de uma reconsideração radical? In: SIGNORINI, Inês (Org.). Língua(gem) e identidade: elementos para uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercado das Letras, 1998a. p. 21-45. (Letramento, educação e sociedade).

______. A relevância social da lingüística. Estudos linguísticos, São Paulo, n. 29, p. 33-42, 2000b.

______. Austin’s humorous style of philosophical discourse in light of Schrempp’s interpretation of Oring’s “incrongruity theory” of humour. Humor, v. 13, n. 3, p. 287-311, 2000c.

______. On Searle [on Austin] on language. Language & communication, n. 20, p. 347-391, 2000a.

SILVA, D. Brahma Kumaris: a construção performativa de identidades de gênero. 2005. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.

Downloads

Publicado

2020-03-23

Como Citar

DO BONFIM, M. A. L.; DE ALENCAR, C. N.; MENDES, J. E. Como Fazer Corpos com Palavras? Uma Reflexão Sobre a Produção Performativa de Identidades de Gênero. Revista Linguagem em Foco, Fortaleza, v. 11, n. 2, p. 197–207, 2020. DOI: 10.46230/2674-8266-11-2921. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/2921. Acesso em: 22 dez. 2024.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)