Recategorização e orientação argumentativa
uma análise da introdução referencial em redações nota mil do ENEM
DOI:
https://doi.org/10.46230/lef.v16i3.13530Palavras-chave:
referenciação, recategorização, introdução referencial, orientação argumentativa, redação do enemResumo
Considerando que os textos são produzidos para cumprir determinado(s) propósito(s) comunicativo(s) e que são orientados para esse fim, defendemos haver textos com argumentação direta e textos com argumentação indireta, o que implica falar em graus de argumentatividade (Cavalcante et al, 2020), pressuposto defendido pela Linguística Textual. Resultante de uma pesquisa de dissertação, neste artigo, objetivamos analisar a atuação da introdução referencial no desenvolvimento da orientação argumentativa em redações nota mil do ENEM ano 2018. Com respaldo em Amossy (2018) e Silva (2013), mediante abordagem qualitativa, de natureza exploratória e do tipo descritivo-interpretativista, a pesquisa reforça a argumentatividade presente já na inauguração dos referentes, revelando pontos de vista e avaliações que constroem e reforçam uma tese. Para análise, elegemos 2 redações, as quais apresentam maior recorrência de processos referenciais e similaridade quanto ao viés argumentativo de discussão. Como resultados, concluímos que, da função de caracterizar o referente a de encapsular um projeto de dizer que ainda será desenvolvido ao longo da unidade discursiva, a introdução referencial trabalha na construção da orientação argumentativa do texto cumprindo o papel de articulador, dado que a inauguração de um referente resulta uma posterior retomada ou remissão e conduz o leitor a pensar o tema sob determinadas percepções. Com efeito, reconhecemos os efeitos que esta pesquisa traz às aulas de Língua Portuguesa, quanto às funções que a construção da referência cumpre à orientação argumentativa dos textos, à medida que agencia a ampliação dos estudos sobre a interface entre referenciação e argumentação em Linguística Textual.
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