Corpos-territórios das mulheres Guarani e Kaiowá: violência e colonialidade

Autores

  • Roberto Chaparro Lopes UFGD

DOI:

https://doi.org/10.52521/geouece.v13i25.12784

Palavras-chave:

Intolerância Religiosa, Gênero, Feminicídio, Assassinatos

Resumo

A violência é um fenômeno multifacetado, que pode ser entendida a partir de seu caráter de uso e abuso de força física e excesso de poder, bem como lida conjunturalmente como se vinculando a colonialidade. O presente trabalho busca apresentar um quadro da violência sofrida por mulheres indígenas Guarani e Kaiowá no estado brasileiro do Mato Grosso do Sul. Para isso, foi utilizado da pesquisa documental junto à jornais e documentos produzidos pela Kuñangue Aty Guasu, grande assembleia das mulheres do povo Guarani Kaiowá. Propõe-se discutir os dados a partir dos conceitos de colonialidade e corpo-território. Entre os principais resultados, observa-se que os munícipios que mais apresentam casos de homicídios de mulheres indígenas são Dourados e Amambai, bem como a importante presença de casos em aldeias. Os homicídios atingem mulheres de todas as idades e se grafam em seus corpos através de ferimentos brutais. Verifica-se ainda casos de intolerância religiosa contra rezadoras tradicionais, marcados por perseguições e torturas. Os dados expõem que a violência contra os corpos-territórios das mulheres Guarani e Kaiowá se pautam em uma territorialidade de violação e dominação estabelecida pela colonialidade.

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Publicado

2024-12-23

Como Citar

CHAPARRO LOPES, R. Corpos-territórios das mulheres Guarani e Kaiowá: violência e colonialidade . Revista GeoUECE, [S. l.], v. 13, n. 25, 2024. DOI: 10.52521/geouece.v13i25.12784. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/GeoUECE/article/view/12784. Acesso em: 18 abr. 2025.

Edição

Seção

Dossiê - Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais: contracolonização, terra-território, corpos e ambientes