Quando o coletivo produz recursos

mobilizações de grupos de mulheres, moradoras de bairros populares, e sua relação com as instituições

Resumo

O artigo traz análises sobre as transformações ocorridas na vida de mulheres e em suas relações com as instituições sociais a partir do enfrentamento de demandas, tais como a relação com a escola, as locações sociais, a empregabilidade e o trabalho, entre outras. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho etnográfico e sociológico que se desenvolveu desde o acompanhamento desses coletivos, de seus debates, narrativas e suas mobilizações. Os grupos são constituídos de mulheres das frações inferiores das classes populares, que moram em bairros populares periféricos da cidade de Lyon, na França. O estudo desses grupos revela a produção de recursos inexistentes para cada um dos membros tomados isoladamente. Esses recursos constituem também uma “resistência objetiva” à dominação. Esse acompanhamento e a pesquisa mostram efeitos de socialização e o desenvolvimento de um conjunto de recursos mobilizáveis pelo coletivo e por cada uma das participantes, sobretudo nas relações com as instituições. Em decorrência, essas mobilizações ocasionam um processo de (re)qualificação simbólica que está inscrito, desde o início, no projeto de anunciar publicamente um outro discurso sobre a vida dos moradores dos bairros populares.