Sobre monstros, navios fantasmas e ilhas afortunadas:

mitos e discursos fundadores dos paraísos turísticos litorâneos.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59040/GEOUECE.2317-028X.v13.n24.e202403

Palavras-chave:

paraísos turísticos, mitos, zonas de praia, urbanização litorânea

Resumo

Tratar da constituição dos paraísos turísticos demanda considerável esforço teórico e metodológico. Isto porque, ao passo que citadas formas urbanas verificam importantes dinâmicas de valorização das zonas à beira-mar, constituídas no modo de produção vigente, também é necessário compreender aspectos referentes às condicionantes culturais e psicológicas que conferem às zonas de praia considerável importância para mais diversas parcelas da sociedade. A discussão objetiva compreender mitos e discursos contribuintes da formação das imagens e materialidades dos paraísos turísticos litorâneos e, para tanto, recorre-se a abordagem materialista e hermenêutica dos escritos e relatos sobre mitos e processos que historicamente constituíram as visões socialmente difundidas sobre os riscos, possibilidades e benefícios de fruição das zonas de praia. Verifica-se que, ao passo que ais visões foram difundidas, não só o termo se modifica, como também a sociedade confere novos significados à zona costeira, agregando tal paisagem ao hall de espaços sagrados da modernidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Tiago da Silva Castro, Observatório das Metrópoles

Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Integrante do Observatório das Metrópoles - Núcleo Fortaleza (OM).

Referências

AOQUI, Cássio. Desenvolvimento do segmento backpacker no Brasil sob a ótica do marketing de turismo. 2005, 217 p. Monografia de Graduação –Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

AOUN, Sabáh. A procura do paraíso no universo do turismo. Campinas/SP: Papirus, 2003.

ARAGÃO, Raimundo Freitas. Racionalidade turística e ressignificação do espaço cearense. In: SILVA, José Borzacchiello da. et al. Litoral e sertão: natureza e sociedade no nordeste brasileiro. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2006.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. São Paulo: Edições Paulinas, 1993.

BUTLER, Richard. The concept of a tourist area cycle of evolution: implications for management of resources. Canadian Geographer, Ottawa/ON, v. 24, p. 5-12, 1980 (2008).

CASTRO, Tiago da Silva. O sol nasce pra todos? Planejamento, turistificação e urbanização litorânea na Costa do Sol Poente do Ceará. 2016. 296 f. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2016.

CASTRO, Tiago da Silva. Ao som do mar e à luz do céu: dinâmica das imagens turísticas dos paraísos litorâneos no Brasil. 2021. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, 2021.

CORBIN, Alain. O território do vazio: a praia e o imaginário ocidental. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

CORDEIRO, Maria João Alfaiate Correia. Olhares Alemães: Portugal na literatura turística contemporânea - guias de viagem e artigos de imprensa (1980-2006). 2007. Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2007.

DANTAS, Eustógio Wanderley Correia. Mar à vista: um estudo da maritimidade em Fortaleza. Fortaleza: UFC Edições, 2011.

DANTAS, Pedrianne Barbosa de Souza. Destino da ilha sob a mira do Éden: Fernando de Noronha no percurso do tempo. 2009. 179 f. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas, Alagoas, 2009.

DAYE, Marcella. Mediating tourism: an analysis of the caribbean holiday experience in the UK national press. In: CROUCH, David; JACKSON, Rhona; THOMPSON, Felix. The media and the tourist imagination: converging cultures. London: Routledge, 2005, p. 14-26.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

DELUMEAU, Jean. O que sobrou do paraíso. Varia História. Belo Horizonte, nº 31, p. 141-158, 2004.

DELUMEAU, Jean. História do medo no ocidente (1300 – 1800): uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

DURKHEIM, Emile. The elementar forms of religious life. London: George Allen & Unwin Ltd., 1964.

DUZER, Chet Van. Sea monsters on medieval and renaissance maps. London: British Library Press, 2013.

FOLCH, Sergio le Barz. Recopilación y estudio de mitos y supersticiones en el ámbito marítimo. 2012. 88 f. Diplomatura – Navegacion Marítima, Universidad Politécnica de Cataluña, Barcelona, 2012.

FONSECA, Luís Adão da. O imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16. In: Estudos Avançados, São Paulo Vol. 6, n. 16, 1992.

FRAZER, Sir James George. Folk-lore in the old testament: studies in comparative religion legend and law. London: Macmillan and Co, 1918.

HEINBERG, Richard. Memórias e visões do paraíso explorando o mito universal de uma idade de ouro perdida. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

HESÍODO. Os trabalhos e os dias. Curitiba, PR: Segesta, 2012.

HINDLE, Natalie; MARTIN, Andrew; NASH, Robert. Tourism developent and the backpacker market in Highland Scotland. Tourism and hospitality research, London, v. 0, ed. 0, p. 1-15, 2015.

HOLANDA, Sergio Buarque de. Visão do paraíso: os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2000.

JARRATT, David; SHARPLEY, Richard. Tourists at the seaside: exploring the spiritual dimension. Tourist Studies. London, v. 17, ed. 4, p. 349–368, 2017.

JESUS, Juliana Carneiro de. Mochila cultural: o mochileiro e as relações entre viagem e cultura. 2018. 85 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação em Produção Cultural, Universidade Federal Fluminense, Rios das Ostras/RJ, 2018.

KNAFOU, Remy. Turismo e território. Por uma abordagem científica do turismo. In: RODRIGUES, Adyr Balastreri (org.). Turismo e geografia: Reflexões teóricas e enfoques regionais. São Paulo: HUCITEC, 1996, p.62-74.

KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. São Paulo: Aleph, 2003.

LANGER, Johnni. O mito de Eldorado: origem e significado no imaginário sul-americano (século XVI). Revista de História. USP. São Paulo. 1997.

PEARCE. Douglas. Geografia do turismo: fluxos e regiões no mercado de viagens. São Paulo: Aleph, 2003.

PERDIGÃO, Cristina Sofia Andrade. O turismo na Madeira: dinâmicas e ordenamento do turismo em territórios insulares. 2017. Tese de doutorado – Faculdade de Arquitetura. Universidade de Lisboa. Lisboa, 2017.

PLOG, Stanley. Why destination areas rise and fall in popularity: an update of a Cornell Quarterly Classic. Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly. Ithaca, v. 42, ed. 3, p. 13-24, 2001.

SHARPLEY. Richard. Tourism, religion and spirituality. In: JAMAL, Tazim; ROBINSON, Mike (Orgs.). The SAGE handbook of tourism studies. London: SAGE, 2009, p. 237–253.

SILVA, José Manuel Azevedo e. As ilhas afortunadas e o Atlântico greco-romanos, na visão de Leonardo Torriani. In: OLIVEIRA, Francisco de; THIERCY, Pascal; VILAÇA, Raquel. Mar greco-latino. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2006.

TOMÁS, Júlia. Ensaio sobre o imaginário marítimo dos portugueses. Braga: Universidade do Minho, 2013.

URRY, John, O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Studio Nobel, 1996.

WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

ZIERER, A. Paraíso versus Inferno: a visão de Túndalo e a viagem medieval em busca da salvação da alma (século XII). Mirabilia. Revista de História Antiga e Medieval. São Paulo/Frankfurt/Barcelona, v. 2, p. 152-184, 2002.

Downloads

Publicado

2024-05-14

Como Citar

DA SILVA CASTRO, T. Sobre monstros, navios fantasmas e ilhas afortunadas:: mitos e discursos fundadores dos paraísos turísticos litorâneos. Revista GeoUECE, [S. l.], v. 13, n. 24, p. e202403, 2024. DOI: 10.59040/GEOUECE.2317-028X.v13.n24.e202403. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/GeoUECE/article/view/11710. Acesso em: 2 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos