As Casas de Farinhas de mandioca artesanais do Crato-CE: saberes, afetos e memórias dos/as mandioqueiros/as

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59171/nutrivisa-2024v11e12193

Palavras-chave:

mandioca, práticas alimentares, memórias, afetividades, Crato-CE

Resumo

Este texto tem o objetivo de descrever os saberes, afetos e memórias dos/as trabalhadores/as das casas de farinha de mandioca que emergem da produção da farinha e seus derivados no município do Crato, Ceará. Para tanto, partiu-se da pesquisa do tipo etnográfica para apreender os significados da produção da farinha nas casas tradicionais por envolver o processo da produção da farinha nas Casas de Farinha consideradas lugares de sociabilidade que envolvem saberes, afetos e memória. A imersão ocorreu na comunidade Sítio Malhada, Ponta da Serra, Crato-CE com realização de diálogos com pessoas da referida comunidade e, também, recorreu-se a pesquisa bibliográfica e documental. Fazer farinha ou goma nas casas de farinhas, seja a pubada ou não, entre outras iguarias, depende das condições econômicas, preferências e paladar das famílias cujos saberes são repassados de geração em geração, entre eles, as técnicas, aviamentos, receitas e o gosto. Segundo, compartilham-se memórias e afetos vinculados ao trabalho coletivo entre a família, vizinhos e amigos, como, por exemplo, no momento de descascar os tubérculos, em roda de conversa e a comensalidade. Entretanto, a mecanização das fábricas de farinha representou a diminuição de pessoas envolvidas. Apesar de agilizar a produção, essa mecanização contribui para o desaparecimento das rústicas casas de farinha e ameaça ao sistema alimentar, agrícola e cultural da mandioca.

Biografia do Autor

José Arimatéa Barros Bezerra, Universidade Federal do Ceará - UFC

 

 

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Publicado

2024-01-04

Como Citar

ROCHA, A. M.; DIONÍSIO, E. S.; BEZERRA, J. A. B. As Casas de Farinhas de mandioca artesanais do Crato-CE: saberes, afetos e memórias dos/as mandioqueiros/as. Nutrivisa - Revista de Nutrição e Vigilância em Saúde, Fortaleza, v. 11, n. 1, p. e12193, 2024. DOI: 10.59171/nutrivisa-2024v11e12193. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/nutrivisa/article/view/12193. Acesso em: 3 maio. 2024.

Edição

Seção

Estudo de Caso