BRINCANDO COM CORES: POLISSEMIA EM ESQUEMAS DE COMPOSIÇÃO
Mots-clés :
Polissemia, Gramática Cognitiva, composição e coresRésumé
A princípio, para um falante nativo da Língua Portuguesa conceptualizar uma cor como “verde maçã” pode ser uma tarefa simples. Entretanto, a conceptualização de cores, em especial algumas cores compostas, necessita de um exercício mental que muitas vezes o falante da língua não percebe. Para entender “verde maçã” não bastaria unir [[VERDE]/[verde]] + [[MAÇÃ]/[maçã]] = [[VERDE MAÇÃ] /[verde maçã]]. E, em “maçã verde”, conceptualizamos [[VERDE]/[verde]] como um tipo de maçã ou o estado de uma maça não madura . A polissemia dessas estruturas é possível porque as características que distinguem as unidades de sentido pleno de outros tipos de unidade são o antagonismo e os limites/bounding das unidades (CROFT, 2004). Basicamente, isso significa que as duas estruturas simbólicas ([[VERDE]/[verde]] e [[MAÇÃ]/[maçã]] possuem focos de atenção diferentes. Ao optar por um dos sentidos de ([[VERDE]/[verde]] colocamos um sentido no foco de atenção, escondemos o outro. Por isso temos diferentes conceptualizações de “verde maçã” e “maçã verde”. Este recurso é complicado pelo fato de que as relações de sentido são por si próprias basicamente sensíveis ao construal, isto é, sensíveis às nossas experiências sensoriais, emotivas e contextuais (EVANS & GREEN, 2006). Além dessas relações polissêmicas, cada composição surge a partir de um esquema de construção, conforme descreve a Gramática Cognitiva (TAYLOR, 2003; LANGACKER, 2008). Na cor citada, ao analisar cada entidade separadamente, notamos que há o esquema substantivo+substantivo. Para averiguar o comportamento desses procedimentos linguísticos, realizamos uma pesquisa de campo com quarenta crianças, entre oito e onze anos, falantes da Língua Portuguesa, para constatar se apenas com os esquemas de construção de composição, que os falantes dominam, seriam capazes de distinguir quais estruturas simbólicas compostas são cores ou não. Desta forma, este estudo contribui para compreendermos o funcionamento da polissemia e o armazenamento de esquemas de construções proposto pela Gramática Cognitiva.
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Références
Dicionário Aurélio online. Disponível em www.dicionariodoaurelio.com. Acessado em 26 de dezembro de 2012.
LANGACKER, R. W. Cognitive grammar: introduction to concept, image and symbol. In: GEERAERTS, Dirk (ed.). Cognitive linguistics: basic readings. Berlin; New York: Mouton de Gruyter, 2006, p. 29 67.
______. Cognitive grammar: a basic introduction. New York: Oxford University Press, 2008.
SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. Organização de Charles Bally e Albert Sechehaye com a colaboração de Albert Riedlinger. Trad. de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 24ª ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2002.
TAYLOR, J. R. Cognitive grammar. New York: Oxford University Press, 2003.
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