Reinterpretação semântica de verbos preposicionados à luz do princípio funcionalista da iconicidade
DOI :
https://doi.org/10.46230/lef.v16i3.13923Résumé
Neste trabalho, apresenta-se uma análise do uso dos verbos assistir, obedecer e responder em textos escritos por universitários a partir de um objetivo: explicar o movimento contrário ao uso normativo da preposição a diante dos complementos desses verbos. Partimos da hipótese de que ocorre uma associação semântica marcada entre forma e função linguística nos textos escritos. Para tanto, apoiamo-nos no referencial teórico funcionalista de vertente norte-americana (Givón, 2001; Oliveira; Votre, 2009), sobretudo no princípio da iconicidade, bem como em gramáticas normativas (Cunha; Cintra, 2001; Bechara, 2005) e descritivas (Perini, 2005; Bagno, 2012). Segundo as gramáticas normativas, os três verbos supracitados funcionam como transitivos indiretos, indicando a necessidade de preposição. Contudo, o arcabouço teórico funcionalista aponta para um caminho no qual a gramática não constitui um conjunto fixo de regras, mas maleável e moldado pelo uso da língua nas situações comunicativas. Para este estudo, os dados foram extraídos da página eletrônica do evento “Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão”, da Universidade Federal de Pelotas; um corpus destinado à divulgação de trabalhos acadêmicos. Resultados encontrados apontam para a ausência de preposição diante dos complementos dos três verbos nos textos dos estudantes do ensino superior. Essas ocorrências parecem atestar, a partir de princípios funcionalistas, como o da iconicidade, uma reinterpretação da regência dos verbos analisados, marcada pela relação entre forma (queda de preposição) e função (reinterpretação dos verbos com outros verbos).
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