“Respeite meus cabelos, brancos!”

como o racismo algorítmico atua em bancos de imagens digitais

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.46230/lef.v17i3.16028

Palabras clave:

racismo algorítmico, colonialidade de dados, banco de imagens, negritude, branquitude

Resumen

O presente trabalho tem como objetivo apontar como o racismo algorítmico se manifesta em bancos de imagens digitais, especialmente nas representações sobre beleza feminina. Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa e exploratória, ancorada no conceito de racismo algorítmico e em sua relação com racismo estrutural, inteligência artificial e colonialidade de dados. Para a análise, escolheram-se os três principais sites de banco de imagens utilizados no Brasil: Shutterstock, Getty Images e Canva, a partir da busca das palavras-chave “beleza”, “skin care” e “beleza cabelo”. Desse universo, foi aplicada a análise de conteúdo sobre os primeiros resultados apresentados pelas próprias plataformas, considerando que tais escolhas são feitas por algoritmos. As análises mostram que a maioria das imagens coletadas são de mulheres brancas e de cabelos lisos, na contramão da realidade miscigenada e de maioria negra no país. Esses achados evidenciam a necessidade de repensar o funcionamento dos algoritmos e suas relações sociais e, principalmente, raciais. Além disso, acredita-se ser indispensável ampliar o debate sobre as representações midiáticas que sustentam apagamentos e violências simbólicas, demonstrados, aqui, pelo racismo algorítmico.

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Biografía del autor/a

Marco Túlio Câmara, Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Professor do curso de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade (PPGCOM) da Universidade Federal do Tocantins. Doutor em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestre em Estudos de Linguagens pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), Graduado em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (2013) e Licenciado em Letras-Português pelo Claretiano (2021). Orientador da Sagaz - Empresa Jr. de Jornalismo da UFT. 

Mayelle Batista da Silva, Universidad Federal de Tocantins

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade da Universidade Federal do Tocantins (PPGCOM/UFT). Professora no curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/Ulbra)

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Publicado

2025-12-10

Cómo citar

CÂMARA, M. T.; SILVA, M. B. da. “Respeite meus cabelos, brancos!”: como o racismo algorítmico atua em bancos de imagens digitais. Linguagem em Foco, Fortaleza, v. 17, n. 3, p. 168–244, 2025. DOI: 10.46230/lef.v17i3.16028. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/16028. Acesso em: 15 dic. 2025.