(Des)inteligência artificial e exclusão digital
por uma inclusão significativa
DOI:
https://doi.org/10.46230/lef.v17i3.15992Palabras clave:
exclusão digital, inclusão significativa, inteligência artificial, pensamento crítico, pragmática linguísticaResumen
O artigo propõe uma reflexão crítica sobre os sistemas de inteligência artificial (IA) e suas implicações como vetores de exclusão digital. A partir de uma abordagem multidisciplinar e de uma epistemologia aberta, argumenta-se que a IA, moldada por racionalidades tecnicistas e interesses econômicos (Barraud, 2019; Han, 2017a) que reforçam a dependência de automatismos e reduz a participação humana ativa (Larson, 2022; Zuboff, 2021), opera como uma forma sofisticada e silenciosa de exclusão, o que, para o presente estudo, denomina-se (des)inteligência artificial. Evidencia-se que, quanto mais a IA é concebida e utilizada sob premissas facilitaristas e tecnocráticas, maior a perda de autonomia de agência crítica dos sujeitos. Como resposta, propõe-se o fortalecimento de uma consciência auto-eco-política (Morin, 2011) sobre a dimensão tecno-informacional, voltada à inclusão significativa, o que exige a articulação de uma agenda pública educacional para a compreensão emancipadora sobre tecnologia, com especial contribuição da linguística aplicada, em sintonia com o compromisso social de profissionais e empresas do setor de tecnologias digitais da informação. Contudo, essa perspectiva enfrenta grandes obstáculos, dadas as atuais condições político-econômicas que sustentam o desenvolvimento das TDICs.
Descargas
Citas
AUSTIN, J. L. Quando dizer e fazer: palavras e ação. Tradução Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Medicas, 1990.
AZZARITI, G. Stefano Rodotà e l’uso costituzionalmente orientato delle nuove tecnologie. Costituzionalismo.it, n. 2, 2022. Disponível em: https://www.costituzionalismo.it/stefano-rodota-e-luso-costituzionalmente-orientato-delle-nuove-tecnologie/. Acesso em: 10 mar. 2024.
BARRAUD, B. L’intelligence de l’intelligence artificielle. In: BARRAUD, Boris (orgs.). L’intelligence artificielle – Dans toutes ses dimensions. Paris: L’Harmattan, 2019, p. 11-79.
BONILLA, M. H. S.; PRETTO, N. de L. Inclusão digital: polêmica contemporânea. Salvador: EDUFBA, 2011. v. 2. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/4859. Acesso em: 3 mar. 2025.
BOOTLE, R. A economia da inteligência artificial: como a IA está transformando o trabalho, a riqueza e o progresso. Tradução Diego Franco. Rio de Janeiro: Alta Books, 2022.
BRASIL. Lei nº 14.533, de 11 de janeiro de 2023. Institui a Política Nacional de Educação Digital. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/l14533.htm. Acesso em: 19 jul. 2025.
BUCCI, E. Incerteza, um ensaio. Como pensamos a ideia que nos desorienta (e orienta o mundo digital). São Paulo: Autêntica Editora, 2023.
CETIC.BR. Conectividade significativa: propostas para medição e o retrato da população no Brasil. São Paulo: CGI.br, 2024. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/7/20240415183307/estudos_setoriais-conectividade_significativa.pdf. Acesso em: 19 jul. 2025.
CORTAZAR, J. Histórias de cronópios e de famas. São Paulo: Civilização Brasileira, 1994.
DAMASIO, A. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
DE LA BOÉTIE, E. Discurso da servidão voluntária. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982.
ELLUL, J. Le système technicien. Paris: Calmann-Lévy, 1977.
ELSTER, J. Ulises y las sirenas: estúdios sobre racionalidade e irracionalidad. México: Fondo de Cultura Económica, 2015.
EYSENK, M. W.; EYSENK, C. Inteligência artificial x humanos: o que a ciência cognitiva nos ensina ao colocar frente a frente a mente humana e a IA. Porto Alegre: Artmed, 2023.
FEDERER, J. Psicologia Oculta das Redes Sociais. Como as marcas criam engajamento autêntico, que nos motiva a interagir e aceitar as recomendações. Rio de Janeiro: Editora Alta Books, 2021.
FERREIRA, M. B. Inteligência Artificial no horizonte da Filosofia da Tecnologia - Técnica, ética e direito na era cibernética. São Paulo: Editora Dialética, 2023.
FREUD, S. A pulsão e seus destinos. Edição Standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1996. Vol. XIV.
FUSTER, J. M. Cerebro y librertad. Los cimentos cerebrales de nuestra capacidad para eligir. Barcelona: Editorial Ariel, 2014.
GALIMBERTI, U. Psiche e Techne. O homem na idade da tecnica. São Paulo: Paulus, 2006.
GANASCIA, J.-G. Intelligence artificielle. Vers une domination programmée? Paris: Le Cavalier Bleu, 2021.
GARAPON, A.; LASSEGUE, J. Le numérique contre le politique. Paris: Presses Universitaires de France, 2021.
HAN, B.-C. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017a.
HAN, B.-C. Sociedade da transparência. Petrópolis: Vozes, 2017b.
HAN, B.-C. Não-coisas. Reviravoltas do mundo da vida. Petrópolis: Editora Vozes, 2022a.
HAN, B.-C. Infocracia. Digitalização e a crise da democracia. Petrópolis: Editora Vozes, 2022b.
HOFFMANN-RIEM, W. Teoria geral do direito digital. Transformação Digital. Desafios para o Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
HUXLEY, A. L. Admirável mundo novo. Biblioteca Azul, 2014.
IRTI, N. L’età della decodificazione. 4. ed. Milano: Giuffrè, 1999.
KAHNEMAN, D.; SIBONY, O.; SUNSTEIN, C. R. R. Uma falha no julgamento humano. São Paulo: Objetiva, 2021.
KITTLER, F. A verdade do mundo técnico: ensaios sobre a genealogia da atualidade. Contratempo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2017.
LARSON, E. J. El mito de la inteligencia artificial: por qué las máquinas no pueden pensar como nosotros lo hacemos. Barcelona: Shackleton Books, 2022.
LATOUR, B. A esperança de Pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. São Paulo: Editora Unesp, 2017.
LATOUR, B. Onde aterrar? Como se orientar politicamente no antropoceno. 1. ed.. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
LIPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.
LYOTARD, J.-F. A condição pós-moderna. 2. ed. Lisboa: Gradiva, 1989.
MINSKY, M. La máquina de las emociones. Sentido común, inteligencia artificial y el futuro de la mente humana. Buenos Aires, 2010.
MIRANDA, P. de. A sabedoria dos instinctos. 2. ed. Rio de Janeiro: Garnier, 1924.
MLODINOW, L. O andar do bêbado: como o acaso determina nossas vidas. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 4. ed. Tradução Eliane Lisboa. Porto Alegre: Sulina, 2011.
MOSÉ, V. O homem que sabe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
MOZOROV, E. Big Tech. A ascensão dos dados e a morte da política. 1a ed. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
NIC.BR. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. Conectividade significativa: propostas para medição e o retrato da população no Brasil. São Paulo: CGI.br, 2024. Disponível em: https://cetic.br/pt/publicacao/conectividade-significativa-propostas-para-medicao-e-o-retrato-da-populacao-no-brasil/. Acesso em: 4 fev. 2025.
O´NEIL, C. Algoritmos de destruição em massa. Como o big data aumenta a desigualdade e ameaça a democracia. Rio de Janeiro: Editora Rua do Sabão, 2021.
ORWELL, G. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
REYNA, J.; GABARDO, E.; SANTOS, F. de S. Governo eletrônico, invisibilidade digital e direitos fundamentais sociais. Sequência, n. 85, p. 30-50, ago, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.5007/2177-7055.2020v41n85p30. Acesso em: 10 mar. 2024. DOI: https://doi.org/10.5007/2177-7055.2020v41n85p30
RIESER, M. The psychology of digital media at work. 192 f. Tese (Doutorado em Psicologia), London Metropolitan University, London, 2020. DOI https://doi.org/10.4324/9780203074145. Disponível em: https://www.taylorfrancis.com/books/edit/10.4324/9780203074145/psychology-digital-media-work-daantje-derks-arnold-bakker. Acesso em: 24 out. 2025.
RODOTÁ, S. Persona, libertà, tecnologia. Note per una discussione. Diritto & questioni pubbliche, n. 5, 2005. Disponível em: http://www.dirittoequestionipubbliche.org/page/2005_n5/mono_S_Rodota.pdf. Acessado em: 10 mar. 2024.
SADIN, É. La Silicolonisation du monde: l’irrésistible expansion du libéralisme numérique. Montreuil (Seine‑Saint‑Denis): L’Échappée, 2016.
SANTAELLA, L. A inteligência artificial é inteligente? São Paulo: Edições 70, 2023.
SCHWAB, K. A Quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2018.
SHOPENHAUER, A. O mundo como vontade de representação. São Paulo: Contraponto, 2007.
SOKOLOWSKI, R. Inteligencia natural e inteligencia artificial. In: GRAUBARD, Stephen R. El nuevo debate sobre la inteligencia artificial. Sistemas simbólicos y redes neuronales. Barcelona: Editorial Gedisa, 1999, p. 59-80.
STEPHANIDES, M. Prometeu, os homens e outros mitos. 4. ed. São Paulo: Odysseus, 2014.
SULEYMAN, M. A próxima onda: inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2023.
TALEB, N. N. Iludidos pelo acaso: a influência da sorte nos mercados e na vida. São Paulo: Objetiva, 2019.
VESTING, T. Gentleman, Gestor, Homo digitalis: a transformação da subjetividade jurídica na modernidade. São Paulo: Contracorrente, 2022.
WARAT, L. A. Por quien cantan las sirenas. Joaçaba: Editora Unoesc, 1996.
WEBB, A. Os nove Titãs da IA. Como as gigantes da tecnologia e suas máquinas pensante podem subverter a humanidade. Rio de Janeiro: Alta Books, 2020.
WITTGENSTEIN, L. Tratado lógico-filosófico: investigações filosóficas. Tradução M. S. Lourenço. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
ZUBOFF, S. A era do capitalismo de vigilância: a disputa por um futura humano na nova fronteira do poder. Lisboa: Relógio d'' Água, 2021.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Alejandro Knaesel Arrabal, Paulo Junior Trindade dos Santos, Cristhian Magnus De Marco

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Os autores que publicam na Linguagem em Foco concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação. Os artigos estão simultaneamente licenciados sob a Creative Commons Attribution License que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da sua autoria e da publicação inicial nesta revista.
- Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores. Para tanto, solicitamos uma Declaração de Direito Autoral, que deve ser submetido junto ao manuscrito como Documento Suplementar.
- Os autores têm autorização para disponibilizar a versão do texto publicada na Linguagem em Foco em repositórios institucionais ou outras plataformas de distribuição de trabalhos acadêmicos (ex. ResearchGate, Academia.edu).


















