Construção de concernência:  retomada e especificação na articulação textual

Marcos Luiz Wiedemer; Maria Eduarda Oliveira da Silva

doi:10.46230/lef.v16i3.13684

Autores

Marcos Luiz Wiedemer Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) https://orcid.org/0000-0003-0924-1030
Maria Eduarda Oliveira da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) https://orcid.org/0000-0002-0870-8754

DOI:

https://doi.org/10.46230/lef.v16i3.13684

Palavras-chave:

articulação textual, construção de concernência, gramática de construções baseada no uso

Resumo

A partir do arcabouço teórico da Gramática de Construções Baseada no Uso (Goldberg, 2006; Diessel, 2023), neste artigo, centramo-nos na investigação da construção gramatical representada pelo esquema [[X_{(referente construtor)} [Preposição_(em) + Mostrativo anafórico_(o)]_NOPronome Relativo_(que) [respeito/se refere/tange/concerne] Y_{[SN(referente especificador}]], que denominamos “construção de concernência”. Para tanto, analisamos as microconstruções "no que diz respeito a", "no que se refere a", "no que tange a" e "no que concerne a", no português brasileiro. Os dados são extraídos da Amostra Now, do Corpus do Português, considerando o período de 2012 a 2019 . Os resultados gerais apontam que a construção de concernência ocorre na retomada de um determinado referente entre as duas porções textuais, denominada de “retomada todo-parte especificada”, que envolve a retomada de um referente (X) por meio de outro (Y) para especificá-lo. Essa retomada pode ocorrer de duas formas: (i) retomada todo-parte especificada; e (ii) retomada todo-seleção especificada. O referente retomado e especificado pode variar desde um lexema até um tópico discursivo, ocorrendo principalmente em parágrafos anteriores. A relação especificadora desempenha um papel na coesão do referente Y, indicando um objeto discursivo.

Downloads

Biografia do Autor

Marcos Luiz Wiedemer, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Preto), e cursou ainda o doutorado sanduíche na Erfurt Universität (Erfurt-Alemanha), na área de Linguística, sob a orientação do Prof. Dr. Christian Lehmann. Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Licenciado em Letras-Português/Inglês pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).

Maria Eduarda Oliveira da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Mestra em Estudos Linguísticos (UERJ). Discente do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Referências

BARÐDAL, J. Predicting the Productivity of Argument Structure Constructions. Proceedngs of the Annual of the Berkeley Linguistics Society 32, n. 1. Berkeley Linguistics Society and the Linguistic Society of America, p. 467-478, 2006. Disponível em: https://lib.ugent.be/catalog/pug01:8554481. Acesso em 08 de fevereiro de 2025.

CAMACHO, R. G., DALL´AGLIO-HATTNHER, M. M., GONÇALVES, S. C. L. O substantivo. In: CASTILHO, A. T., NEVES, M. H. M., ILARI, R. (org.) Gramática do português falado culto no Brasil. v. 2: classe de palavras e construções. Campinas: Editora da Unicamp, 2008, p. 21-83.

CASTILHO, A. T. de. Os mostrativos do português falado. In: Gramática do Português Falado. As abordagens, vol. 3. Campinas, , 1993. p. 119-45.

CASTILHO, A. T. de. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

CROFT, W. Radical Construction Grammar. Oxford: Oxford University Press, 2001.

DIESSEL, H. The Constructicon: Taxonomies and Networks. (Cambridge Elements). Cambridge: Cambridge University Press, 2023.

FRIED, M.; ÖSTMAN, J.-O. Construction Grammar: a thumbnail sketch. In.: FRIED, M.; ÖSTMAN, J.-O. (Eds.), Construction Grammar in a cross-language perspective. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2004. p. 11-86.

HENGEVELD, K. Illocution, Mood, and Modality in Functional Grammar of Spanish. Journal of Semantics, v. 6, p. 227- 269, 1988.

GIVÓN, T. Syntax: an introduction, v.1. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2001.

GOLDBERG, A. E. Constructions: A Construction Grammar Approach to Argument Structure. Chicago: University of Chicago Press, 1995.

GOLDBERG, A. E. Constructions at work: The Nature of Generalization in Language. Oxford: Oxford University Press, 2006.

GOLDBERG, A. E. Constructionists Approaches. In: HOFFMANN, T.; TROUSDALE, G. (Eds.) The Oxford Handbook of Construction Grammar. Oxford: Oxford University Press, 2013. p. 15-31.

GOLDBERG, A. E. Explain Me This: Creativity, Competition, and the Partial Productivity of Constructions. Princeton, Oxford: Princeton University Press, 2019.

LANGACKER, R. A dynamic usage-based model. In: KEMMER, S.; BARLOW, M. (Eds.). Usage Based methods of language. Stanford: CSLI Publications, 2000. p. 1-63.

LYONS, J. Semantics. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

MIRA MATEUS, M. H.; BRITO, A. M.; DUARTE, I.; FARIA, I. H. Gramática da Língua Portuguesa, 5ª ed. Revista e aumentada. Lisboa: Caminho, 2003.

NEVES, M. H. de Moura. Gramática de Usos do Português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

OLIVEIRA da SILVA, M. E. Construções de concernência: retomada e especificação na articulação textual. 2024. 92 f. Dissertação (Mestre em Estudos Linguísticos). Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 2024. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/23223/2/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20Maria%20Eduarda%20Oliveira%20da%20Silva%20-%202024%20-%20Completa.pdf. Acesso em: 20 fev. 2025.

RODRIGUES, V. V. Uso(s) de conectores: uma abordagem funcional-discursiva. Diadorim, Rio de Janeiro, vol. 20 – Especial, p. 535-560, 2018. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/view/23289 Acesso em 08 de ferreiro de 2025.

TOMASELLO, M. Constructing a language: A usage-based theory of language acquisition. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2003.

TRAUGOTT, E. C.; TROUSDALE, G. Constructionalization and Constructional Changes. Oxford: Oxford University Press, 2013.