"Frankenstein" e Tecnologia
uma leitura do romance de Mary Shelley como crítica da ciência moderna
DOI:
https://doi.org/10.46230/2674-8266-15-11537Palabras clave:
ficção científica, Frankenstein, crítica da ciência, tecnodiversidadeResumen
Quando o filósofo Yuk Hui (2020a) introduz o conceito de tecnodiversidade no universo das discussões acerca da tecnologia, ele abre caminho para entendermos esse termo e outros que o cercam – como a ideia de progresso – como sendo sempre “localizado”, ou seja, como fruto de nossas visões de mundo, imbricado nas condições materiais, sociais, históricas e políticas da produção do saber. O presente trabalho busca contribuir com essa discussão a partir de uma análise de “Frankenstein”, de Mary Shelley, como um exercício de crítica da ciência moderna ocidental, o qual surge justamente no momento de consolidação desse ideal de ciência no século XIX. O romance, ao revelar tensões fundamentais entre o desejo de conhecer e suas consequências, questiona as alianças da ciência com ideais igualmente situados de progresso e natureza, desafiando a visão tradicional da ciência como algo separado do humano e, assim, separado das Humanidades. A obra proporciona reflexões importantes sobre a construção de epistemologias que integram ciência e humanidades como igualmente produtos das culturas nas quais estão situadas; tanto as ciências quanto as humanidades estariam, portanto, igualmente enraizadas em seus contextos socio-históricos-políticos específicos. Dessa forma, ao examinarmos as páginas de “Frankenstein”, somos convidados a refletir sobre as implicações de nossos modos de conhecer e habitar o mundo, o que torna a literatura no geral e a ficção científica em específico ferramentas potentes para pensar as ciências, humanas ou não, e suas tecnologias.
Descargas
Citas
CRACIUN, A. Writing the Disaster: Franklin and Frankenstein. Nineteenth-Century Literature, v. 65, n. 4, p. 433–480, 2011. https://doi.org/10.1525/ncl.2011.65.4.433. Acceso em: 26 fev, 2024.
FRASER, N.; JAEGGI, R. Capitalismo em debate: uma conversa na teoria crítica. São Paulo: Boitempo, 2020.
GUSTON, D. H.; FINN, E.; ROBERT, J. S. Editor’s preface. In: SHELLEY, M. W.; GUSTON, D. H.; FINN, E. ROBERT, J. S. Frankenstein: or, the modern Prometheus: annotated for scientists, engineers, and creators of all kinds. Cambridge, MA: The MIT Press, 2017. Disponivel em: https://direct.mit.edu/books/oa-monograph/3542/FrankensteinAnnotated-for-Scientists-Engineers-and. Acesso em: 26 fev, 2024. p. XI-XVIII.
HARAWAY, D. Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective. Feminist Studies, v. 14, n. 3, p. 575–599, 1988.
HUI, Y. Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu editora. 2020a.
HUI, Y. For a Planetary Thinking. e-flux Journal, Brooklyn, n, 114. Dez, 2020b. Disponível em: https://www.e-flux.com/journal/114/366703/for-a-planetary-thinking/. Acesso em: 07 fev, 2023.
LE GUIN, U. K.; YI, P.; HARAWAY, D. J. The carrier bag theory of fiction. London: Ignota, 2019.
LEVINE, G. Dying to know: scientific epistemology and narrative in Victorian England. Chicago: University of Chicago Press, 2002.
LONGINO, H.; HADDAD, Y. L.; ARBO, J. B.; SOARES, M. H. Filosofia da ciência e epistemologias feministas: entrevista com Helen Longino. Em Construção, n. 10, p. 331-340, 2021. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/emconstrucao/article/view/62842. Acesso em: 30 jul. 2023.
LONGINO, H. Values, heuristics and the politics of knowledge. Scientiae Studia, v. 15, n. 1, p. 39–57, 2017. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/133642. Acesso em: 30 set. 2023.
LONGINO, H. E. The fate of knowledge. Princeton, N.J: Princeton University Press, 2002.
MARIUTTI, E. B. Tecnodiversidade, cosmotécnica e cosmopolítica: notas sobre o pensamento de Yuk Hui. Lugar Comum – Estudos de mídia, cultura e democracia, n. 62, p. 146–159, 2022. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/lc/article/view/49578. Acesso em: 27 jan. 2024.
MARX, W. The hatred of literature. Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press of Harvard University Press, 2018.
ROBINSON, C. E. Introduction. In: SHELLEY, M. W.; GUSTON, D. H.; FINN, E.; ROBERT, J. S. Frankenstein: or, the modern Prometheus: annotated for scientists, engineers, and creators of all kinds. Cambridge, MA: The MIT Press, 2017. Disponivel em: https://direct.mit.edu/books/oa-monograph/3542/FrankensteinAnnotated-for-Scientists-Engineers-and. Acesso em: 26 fev, 2024, p. XXIII - XXXV.
SHELLEY, M. Frankenstein ou o Prometeu moderno. Trad. Christian Schwartz, São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2015.
SNOW, C. P. The two cultures. Canto ed. London; New York: Cambridge University Press, 1993.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Jade Bueno Arbo, Eduardo Marks de Marques
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Os autores que publicam na Linguagem em Foco concordam com os seguintes termos:
- Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação. Os artigos estão simultaneamente licenciados sob a Creative Commons Attribution License que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da sua autoria e da publicação inicial nesta revista.
- Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores. Para tanto, solicitamos uma Declaração de Direito Autoral, que deve ser submetido junto ao manuscrito como Documento Suplementar.
- Os autores têm autorização para disponibilizar a versão do texto publicada na Linguagem em Foco em repositórios institucionais ou outras plataformas de distribuição de trabalhos acadêmicos (ex. ResearchGate, Academia.edu).