Metáforas da prática profissional de fisioterapeutas
Uma análise da anamnese enquanto lócus do registro do diálogo clínico e de pistas metafóricas para o fisiodiagnóstico
DOI:
https://doi.org/10.46230/2674-8266-15-8486Palavras-chave:
Metáfora, Fisioterapia, Linguagem, Anamnese, ProntuárioResumo
O objetivo deste estudo foi analisar, a partir do conhecimento prévio de fisioterapeutas sobre o conceito de metáforas, se, e de que maneira, ocorrem os registros de metáforas das narrativas dos pacientes ao realizarem a entrevista da anamnese e a relação das expressões potencialmente metafóricas com os termos técnicos das ciências da saúde, enquanto pistas para o diagnóstico fisioterapêutico. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram um questionário semiestruturado aplicado a nove fisioterapeutas e a análise documental de 19 anamneses de prontuários da fisioterapia de duas instituições localizadas no estado de Minas Gerais. Os dados revelam que os fisioterapeutas possuem conhecimento sobre metáforas, compreendem o uso de metáforas como recurso de comunicação para auxiliar os pacientes a expressarem os sinais e sintomas de doenças e consideraram haver relação entre a linguagem coloquial e os termos técnicos das ciências da saúde. Consideramos que as expressões metafóricas utilizadas nas narrativas dos pacientes apresentam uma aproximação com as metáforas do tipo Ontológicas da Teoria da Metáfora Conceptual (TMC) de Lakoff e Johnson (2002), pois, é uma forma de representar as experiências corporais com objetos e substâncias e podem contribuir para a interpretação de pistas para o diagnóstico, clínico ou fisioterapêutico. Entretanto, essas devem ser utilizadas com parcimônia para evitar estigmatizar determinadas doenças (SONTAG, 1984; 1989).
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