TRADUÇÃO COMO UM PROCESSO SEMIÓTICO

Autores

  • Emílio Soares Ribeiro UNESP

Palavras-chave:

Signo, Interpretante, Tradução, Semiótica

Resumo

O presente trabalho propõe discutir a interpretação como tradução de signos em signos, e consequentemente, como um processo semiótico. Ao percebermos algo, traduzimos o percebido em uma representação mental, chamada por Peirce de interpretante (SANTAELLA, 2005). Toda percepção ou tradução consiste, dessa forma, em uma nova interpretação. Ao lermos, por exemplo, as várias associações que as palavras provocam, de forma rápida, nos passam muitas vezes percebidas. O pensamento humano floresce e se desenvolve através de uma série de traduções: durante uma leitura, por exemplo, traduzimos os signos verbais em signos mentais. Primeiro, cada leitor/tradutor lê o texto, e cada mente o concebe de uma forma diversa. Posteriormente tal leitor traduz o material em um outro código, a linguagem do texto traduzido. Se, por exemplo, leio o vocábulo “pedra”, esta causa em minha mente, em linguagem não-verbal, uma imagem ou signo psíquico (SANTAELLA; NÖTH, 2008), interpretante do primeiro. Assim, quanto mais intérpretes de “pedra” tivermos, mais signos psíquicos tradutores serão produzidos. Nesse processo de traduções sucessivas, tal signo mental gera, seja em uma outra língua, cultura ou sistema sígnico, um outro signo. No caso do cinema, por exemplo, considero que qualquer filme é, desde o princípio, uma tradução, mesmo que não se inspire em alguma obra literária: tudo começa com a tradução de uma ideia para o roteiro, e então desse roteiro para a produção do filme.

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Referências

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Publicado

2019-09-30

Como Citar

RIBEIRO, E. S. TRADUÇÃO COMO UM PROCESSO SEMIÓTICO. Revista Linguagem em Foco, Fortaleza, v. 4, n. 1, p. 93–104, 2019. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/1954. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Ensaios