Racismo algorítmico
a inteligência artificial e a (in)visibilização dos povos indígenas
DOI:
https://doi.org/10.46230/lef.v17i3.16045Palavras-chave:
racismo, racismo algorítmico, povos indígenas, inteligência artificialResumo
O presente artigo recapitula a literatura sobre as perspectivas fundacional e pós-moderna de homem/humanidade, a fim de traçar o percurso (meta)narrativo do racismo. Embora já se fale em pós-humanidade ou pós-humanismo, em decorrência da personalização de agências e de agentes robótico-algorítmicos, isto é, da Inteligência Artificial, persiste-se nas duas perspectivas anteriores, pois, defendemos a superioridade da inteligência humana em detrimento de quaisquer outras inteligências generativas (ou não). A atualização do texto se mostra quando aplico os conceitos das duas perspectivas dando ênfase à (nova) concepção de racismo algorítmico, termo surgido a partir da evolução digital e de sistemas de Inteligência Artificial. Assim, este artigo tem por objetivo articular teoria e prática na análise de imagens que revelam a perspectiva fundacional e racista contra os povos indígenas. Para geração de dados e, posterior, análise qualitativa e interpretativa, foi solicitada a criação de imagens, com foco nos povos indígenas, a partir de diversos prompts/comandos de produção, às IA: ChatGPT, Freepik, Leonardo IA, Playground IA. Além disso, a análise baseia-se em três categorias do racismo algorítmo, a saber: representação de estereótipos; objetificação e sensualização (objeto de prazer, desejo e sexo); marginalização geográfica e de direitos (Silva, 2022). Os resultados, indubitavelmente, trazem à tona (1) a complexa e truncada interação sociocomunicativa entre humanos “comuns”, ou seja, leigos na norma culta computacional, e tais agentes tecno-discursivos; (2) a manutenção do racismo, da branquitude e, sobretudo, de uma visão eurocentrada de homem.
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