“A VOZ RESISTE, A FALA INSISTE”: O ETHOS VOCAL EM CANÇÕES DO PESSOAL DO CEARÁ

Autores

  • Maria das Dores Nogueira Mendes UFC
  • Lúcio Flávio Gondim da Silva UFC

Palavras-chave:

Investimento vocal, Ethos, Canção

Resumo

Este trabalho analisa o ethos no investimento vocal de quatro gravações da canção “A palo seco” (Belchior; 1974; 1976; Fagner, 1974; Ednardo, 1975), a fim de investigarmos se as constatações de Costa (2001; 2011) a respeito do ethos áspero do Pessoal do Ceará também se confirmam nessa dimensão. Utilizamos o aporte da Análise do Discurso, delineada por Maingueneau, e a aplicação que Costa faz dessa teoria ao discurso literomusical. Observamos um hipertimbre agudo/metálico nas vozes de Ednardo e de Fagner e uma hipernasalidade na voz de Belchior, que tornam evidente uma ausência de equilíbrio nos fatores de ressonância. No entanto, o esforço físico que tais qualidades vocais aparentam pode ser visto como uma transgressão, o que denota, para essa dimensão do investimento vocal, um tom polêmico, quando comparada a outros surgidos no campo discursivo literomusical brasileiro. Como esse tom não se separa de um caráter, tais qualidades vocais contribuem para que o ouvinte elabore para o fiador um ethos questionador e agressivo, semelhante àquele já constatado por Costa no plano verbal das canções. Tal ethos vocal participa, desse modo, da composição de diversos temas e de tons das canções.

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Referências

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Publicado

2019-08-20

Como Citar

MENDES, M. das D. N.; DA SILVA, L. F. G. “A VOZ RESISTE, A FALA INSISTE”: O ETHOS VOCAL EM CANÇÕES DO PESSOAL DO CEARÁ. Revista Linguagem em Foco, Fortaleza, v. 7, n. 2, p. 47–58, 2019. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/1553. Acesso em: 22 dez. 2024.