Dicionários e colonialidades
racismo, linguagem e resistência a partir de marcas de uso em língua espanhola
DOI:
https://doi.org/10.46230/lef.v16i4.15215Palavras-chave:
colonialidades, dicionários, marcas de usoResumo
Neste artigo, abordamos como os dicionários podem ser ferramentas potencialmente coloniais com as populações negras. O trabalho se baseia na dissertação de Andrade (2024) e analisa como as marcas de uso de três dicionários de língua espanhola podem colaborar ou não com as engrenagens das colonialidades, especificamente a colonialidade da linguagem (Veronelli, 2015). Além disso, discutimos como o uso adequado das marcas de uso nessas obras lexicográficas pode ressignificar o caráter colonial e até mesmo apresentar características potencialmente decoloniais. Sabendo que o dicionário é uma obra na qual estão definidas as experiências das sociedades (Lara, 1990), analisamos como marcas de uso são empregadas em três palavras relacionadas à população negra (gato, negrear e negrero). Tais marcas indicam o emprego dos lexemas levando em conta a intencionalidade, logo são ferramentas fundamentais para o consulente saber se determinada palavra pode ou não ser ofensiva (Vilarinho, 2017). Para a discussão sobre o contexto afromexicano, realizamos reflexões a partir dos trabalhos de Quijano (2005) e Cruzmerino (2016), evidenciando a exclusão da população negra mexicana. Nos resultados, identificamos que as marcas de uso quando utilizadas inadequadamente colaboram com a perpetuação de colonialidades, ou seja, os dicionários perpetuam colonialidades, se não estão devidamente sinalizados.
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Referências
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