Agência crítica em Linguística Aplicada
negociações a partir de sobrevivências e reexistências no contexto brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.46230/lef.v16i4.15201Palavras-chave:
estudos críticos, letramentos, sobrevivência, reexistênciaResumo
O presente trabalho tem como propósito inicial fazer um apanhado histórico dos estudos críticos no âmbito da Linguística Aplicada, reconhecendo como o caráter transgressivo desses estudos influenciou e impactou as investigações sobre linguagens e sobre letramentos no contexto brasileiro. Em seguida, argumenta-se em favor da importância da etnografia como prática contextual indispensável para a construção de pesquisas que se pretendem críticas no campo já mencionado. Nesse cenário, investigações sobre sobrevivência e reexistência no contexto da Linguística Aplicada brasileira emergem como inspirações plausíveis relacionadas a um fazer acadêmico crítico de fato. Para sustentar essa afirmação, recorre-se a cenas de dois trabalhos relevantes do campo, empreitadas em que pesquisadores buscam construir relações horizontais e colaborativas com os participantes de suas pesquisas. As análises dessas cenas tornam evidentes a importância de um contato etnográfico longitudinal para que negociações entre os agentes de letramentos envolvidos viabilizem uma construção compartilhada de conhecimentos, capaz de democratizá-los e de torná-los acessíveis e relevantes também para os participantes das pesquisas, efetivos co-construtores de cada um desses trabalhos, e para as suas comunidades.
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