Etnolinguística e cultura vaqueira
reflexões sobre o fazer indisciplinar em Linguística Aplicada
DOI:
https://doi.org/10.46230/lef.v16i4.15197Palavras-chave:
cultura vaqueira, etnolinguística, etnografia, linguística aplicada indisciplinar, linguística aplicadaResumo
Investigar a linguagem em sociedade é perceber as nuances que cercam as práticas linguageiras dos grupos sociais. Por esse viés, objetiva-se discutir e problematizar a configuração sociodiscursiva que envolve a pesquisa etnográfica no contexto laboral e social dos vaqueiros do Ceará. Nesse percurso, observa-se os aspectos etnolinguísticos que pautam a dinâmica de investigação em campo para o fazer etnográfico e a composição do campo e do vocabulário da cultura vaqueira do Ceará. Para o desenvolvimento da pesquisa, segue-se os postulados dos estudos do léxico (Coseriu, 1981) em interface com a Filologia (Silva Neto, 1960; Ximenes, 2013) e os estudos culturais (Hampaté Bâ, 2010), em diálogo com a Etnografia (Angrosino, 2009; Barbour, 2009) e a Linguística Aplicada Indisciplinar (Moita Lopes, 2006; 2013; Signorini, 1998a, 1998b; Blommaert; Maly, 2014). Em suma, traz-se para o foco da discussão a pertinência do diálogo entre pesquisador e participantes da pesquisa de modo a romper a hegemonia disciplinar e suscitar a produção do conhecimento não apenas pelo contexto acadêmico, mas reconhecendo a sabedoria dos grupos não hegemônicos e a sua relevância para a transformação social e o fortalecimento das vozes do Sul.
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