Entre partidas, lágrimas e insubmissão:

o (re)existir em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo

Resumo

Neste texto é analisado a obra Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, como crítica social e instrumento de letramento racial, a partir da escrevivência. A trajetória da protagonista evidencia os efeitos do racismo estrutural, da pobreza e das violências de gênero, refletindo a transição do campo para a cidade e as exclusões enfrentadas pela população negra. As memórias de Ponciá contrapõem a infância comunitária e rural à vida urbana marcada pela desumanização e perda de identidade. A análise fundamenta-se em estudos decoloniais, interseccionais e no conceito de quilombo como espaço de resistência (Gomes, 2022). Evaristo se destaca como pensadora crítica da realidade brasileira, que denuncia desigualdades e investe na ancestralidade como forma de reconstrução e pertencimento. A literatura, como processo educativo, assim, torna-se espaço de denúncia e de elaboração de futuros possíveis, pautados na dignidade e no reconhecimento da população negra enquanto sujeito histórico e social.