Perfil clínico e territorial dos atendimentos em uma emergência psiquiátrica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59487/2965-1956-3-12604

Resumo

Objetivo: caracterizar o perfil clínico e territorial dos atendimentos em emergência psiquiátrica do Ceará - Brasil. Metodologia: estudo quantitativo observacional sobre os atendimentos em emergência psiquiátrica, durante cinco anos (2018 a 2022), vinculada à hospital especializado em saúde mental referência para todo estado do Ceará. Os dados incluem informações sociodemográficas dos pacientes, como idade, gênero, endereço, diagnóstico e seguimento. Resultados: dos 91.555 atendimentos registrados, correspondendo a média de 18.311 por ano e 50,16 por dia, tiveram como diagnósticos mais prevalentes CID-10: F20-F29 (transtornos esquizofrênicos e delirantes) e F30-F39 (transtornos de humor). Destes pacientes que buscaram atendimento na emergência apenas 11,67% (n=10.692) culminaram em internação psiquiátrica. Sobre o horário dos atendimentos, 55,71% (n=51.005) aconteceram entre 7 às 17 horas, sendo horários compatíveis com o funcionamento de outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial. A maioria dos atendimentos foram de usuários que moravam na capital cearense, sendo apenas 22,9% (n=20.985) provenientes de todos os outros municípios do estado, correspondendo a 3,0 atendimentos/1000 habitantes. Além disso, a Regional VI de Fortaleza-Ceará, que corresponde ao mesmo território da emergência analisada, apresentou número de atendimentos relativos à população geral adscrita (48,2 atendimentos/1000 pessoas) com valores superiores ao dobro de quase todas as outras regionais do município. Conclusão: esses dados demonstram um diagnóstico situacional de uma emergência psiquiátrica ainda centralizada, em que a principal demanda de atendimentos é voltada para residentes da própria área adscrita. Dessa forma, é importante fortalecer o atributo da regionalização e descentralização dos serviços de saúde mental para que os pacientes de outras áreas tenham acesso aos serviços de acordo com seu perfil de gravidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001.Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde. 2001.

Sombra Neto LL, Forte MPN, Campos EM, Pessoa VM. Problemas de saúde mental na população rural brasileira: prevalência, fatores de risco e cuidados. Rev Med UFC 2022;62(1):1-5.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 336 de 19 de fevereiro de 2002. Brasília: Ministério da Saúde. 2002.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 3.088 de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde. 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 3588, de 21 de dezembro de 2017. Altera as Portarias de Consolidação no 3 e nº 6, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre a Rede de Atenção Psicossocial, e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde. 2017.

Brasil. Departamento de Informática do SUS. SIM: Sistema de Informação sobre Mortalidade [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. [acesso 28 dez 2023]. Disponível em: https://dados.gov.br/dataset/sistema-de-informacao-sobre-mortalidade.

Ceará. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Política Estadual de Saúde Mental Álcool e outras Drogas – PESMAD. Fortaleza: Coordenadoria de Políticas de Saúde Mental Álcool e Outras Drogas (COPOM). 2021. 24 p.

Ceará. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. II Diagnóstico situacional da Rede de Atenção Psicossocial do estado do Ceará: parâmetros organizativos para a Política Estadual de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Fortaleza: Coordenadoria de Políticas de Saúde Mental Álcool e Outras Drogas (COPOM). 2023. 73 p.

Fortaleza. Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. Plano Municipal de Saúde de Fortaleza: 2018 – 202. Fortaleza: Secretaria Municipal de Saúde. 2017.

Souza MLP et al. Reduction in hospitalizations and emergency psychiatric care due to social distancing measures during the COVID-19 pandemic. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 70, p. 54-58, 2021.

OMS. Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas; 1993.

Chagas WEC, Araújo FEI, Pinto JP, Araújo TLC; Silva NM. Pacientes com indicação de internação psiquiátrica: perfil clínico e inserção na rede de assistência. Revista Brasileira de Psiquiatria (São Paulo. 1999. Impresso), v. 37, p. SE4, 2015.

Rotoli A et al. Mental health in Primary Care: challenges for the resoluteness of actions. Esc Anna Nery. 2019; 23(2)1-8.

Macinko J, Mendonça CS. Estratégia Saúde da Família, um forte modelo de Atenção Primária à Saúde que traz resultados. Saúde Debate. 2018; 42(spe 1):18-37.

Almeida PF et al. Coordenação do cuidado e atenção primária à saúde no Sistema Único de Saúde. Saúde Debate. 2018; 2(Spe 1):244-260.

Sombra Neto LL. Demanda espontânea na Atenção Primária: avaliação de médicos. Cadernos ESP. 2022; 16(2):34-39.

Silva SN, Lima MG, Ruas CM. Avaliação de Serviços de Saúde Mental Brasileiros: satisfação dos usuários e fatores associados. Ciênc Saúde Coletiva. 2018; 23(11):3799-3810.

Tavares ALB, Sombra Neto LL, Campos E de M, Fortes S. Desafios e potencialidades na implantação de uma experiência de matriciamento em saúde mental na atenção primária. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 22º de dezembro de 2023 [citado 28º de dezembro de 2023];18(45):3726.

SILVA LF, BEZERRA TAVARES AL. Matriciamento em saúde mental: sonho ou realidade? Cadernos ESP. 2022; 16(3):16-23.

Macedo JP, Abreu MM de, Fontenele MG, Dimenstein M. A regionalização da saúde mental e os novos desafios da Reforma Psiquiátrica brasileira. Saude soc. 2017; 26(1):155–70.

Downloads

Publicado

2024-06-05

Como Citar

1.
Prado Neto A, Barbosa E do C, Sombra Neto LL, Campos E de M, Rocha DQ de C. Perfil clínico e territorial dos atendimentos em uma emergência psiquiátrica. Dialog Interdis Psiq S Ment [Internet]. 5º de junho de 2024 [citado 13º de novembro de 2024];3(1):e12604. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/dipsm/article/view/12604