Distopia, estranhamento e a deformação do indivíduo: reflexões a partir de Lukács

Autores

  • Vilson Aparecido da Mata Universidade Federal do Paraná
  • Leonardo Coutinho Universidade Federal do Paraná

Resumo

O texto aqui apresentado representa um esforço de compreensão da literatura distópica a partir de um viés marxiano e lukaciano. A partir da obra 1984, de George Orwell, procura-se analisar os elementos relativos ao estranhamento a partir das constatações de Marx e das reflexões de Lukács a respeito da literatura. O estranhamento é uma categoria central para o pensamento marxiano e, mesmo, para a melhor compreensão de Lukács. Assim, este texto procura revisar os pontos centrais do romance como literatura essencialmente burguesa, mas, fundamentalmente, apontar que o tipo de texto que se caracteriza como distópico pode se apresentar como uma denúncia da decadência ideológica. Neste caso, a partir do momento em que a burguesia, assumindo o controle econômico e político da sociedade, recua em seus propósitos revolucionários, passa a um posicionamento conservador da ordem social. Essa posição conservadora reflete-se, de maneira importante, na produção ideológica, que passa a ser justificadora e naturalizadora da ordem social capitalista burguesa. A negação da distopia se apresenta precisamente nos marcos do aprofundamento do estranhamento que a decadência ideológica provoca. Ao levar a um limite extremo as consequências do estranhamento, Orwell (2015) expõe as contradições não só do Stalinismo, objeto direto da crítica do livro que foi aqui tomado como base, mas também do objeto indireto de sua crítica, que é a própria sociedade baseada na contradição entre capital e trabalho.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Vilson Aparecido da Mata, Universidade Federal do Paraná

Doutor em Educação. Docente do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Leonardo Coutinho, Universidade Federal do Paraná

Acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Referências

CHAGAS, Eduardo F. O Indivíduo na Teoria de Marx. In: CHAGAS, Eduardo F. Et Alli. Indivíduo e Educação na Crise do Capitalismo. Fortaleza: Edições UFC, 2012, pp. 17-37.
DA MATA, Vilson A. Emancipação e Educação no Capitalismo em Crise: a conservação do aprisionamento na aparência de liberdade. In: CHAGAS, Eduardo F. Et Alli. Indivíduo e Educação na Crise do Capitalismo. Fortaleza: Edições UFC, 2012, pp. 71-86.
EAGLETON. Terry. Ideologia. São Paulo: Editora da UNESP: Boitempo, 1997.
HEGEL, G. W. F. Fenomeologia do Espírito. Petrópolis/Bragança Paulista: Vozes/Editora Universitária São Francisco, 2008.
HOBSBAWM, E. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo, Companhia das Letras, 2007.
LUKÁCS, György. Estética: Categorías Básicas l elo Estético. Barcelona/México D. F.: Ediciones Grijalbo, 1967.
LUKÁCS, György. O Romance como Epopeia Burguesa. Ad Hominem I, Tomo II – Música e Literatura. São Paulo:1999.
LUKÁCS, György. Introdução aos Escritos Estéticos de Marx e Engels. In: MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Cultura, Arte e Literatura. Tradução de José Paulo Netto e Miguel Makoto Cavalcanti Yoshida. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2012, pp. 11 a 38.
LUKÁCS, György. Marx e Engels como Historiadores da Literatura. São Paulo: Boitempo, 2016.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.
MARX, Karl. Manuscritos Econômico Filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2009.
MARX, Karl. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. São Paulo: Boitempo, 2013.
NETTO, J. P. Capitalismo e barbárie contemporânea. Argumentum, Vitória (ES), jan./jun. p. 202-222, 2012.
ORWELL, G. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
SILVA, Graziela L. R. da e DA MATA, Vilson A. da. Bullying como expressão da incivilidade e barbarização das relações sociais sob a lógica do capital. No Prelo. 2018.

Downloads

Publicado

2018-10-08

Como Citar

MATA, V. A. da; COUTINHO, L. Distopia, estranhamento e a deformação do indivíduo: reflexões a partir de Lukács. Cadernos do GPOSSHE On-line, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 93–121, 2018. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/CadernosdoGPOSSHE/article/view/491. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Lukács