A psicodelia enquanto revolução molecular: o agenciamento de modos de pensamento e expressão a partir das experiências psicodélicas
Mots-clés :
empirismo transcendental, agenciamentos maquínicos, contracultura, bricolagemRésumé
Uma forma interessante de pensar a contribuição das chamadas “experiências psicodélicas” para o pensamento filosófico é encará-las do ponto de vista de uma “revolução molecular”. O termo, cunhado no influxo dos trabalhos de G. Deleuze (1925 – 1995) e F. Guattari (1930 – 1992), propõe um deslocamento de perspectiva acerca dos movimentos de transformação do social e da subjetividade, onde a distinção entre molar e molecular dá ênfase aos movimentos de agenciamentos micropolíticos do desejo. Devires que se articulam molecularmente, subjetividades constituindo “grupelhos” que mesmo não sendo estruturas molares, deliram todo o campo social, produzindo novas perspectivas. A relação entre o corpo e as moléculas psicodélicas forma um tipo de agenciamento, no qual é posta em questão a ordinariedade das percepções ligadas às estruturas molares da realidade. Isso cria a abertura na subjetividade para um tipo de experiência com os devires, entendidos como expressões de outros modos de existência. A experiência psicodélica exige da subjetividade agenciamentos expressivos ou de enunciação, já que os esquemas representativos convencionais da consciência se defrontam com percepções não ordinárias. Esperamos, ao encarar a experiência psicodélica nesse sentido, mostrar a fractalidade de sua produção de sentidos e transformações sociais, políticas, estéticas e subjetivas.
Téléchargements
Références
BARROS GUIMARÃES, José Luís de. Memória, esquecimento e política em Walter Benjamin: A reinterpretação da história a partir do comprometimento ético com os vencidos. Kalagatos, v. 16, n. 2, p. 104–128, 2021. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/6591.
COSTA, Solange. bell hooks e Elza Soares: A vez e a voz da resistência. Kalagatos, v. 19, n. 1, p. eK22018, 2022. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/8307.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Trad. Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: 34, 2010.
DELEUZE, Gilles. Empirismo e subjetividade: ensaio sobre a natureza humana segundo Hume. Trad. Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: 34, 2001.
DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. 2. ed. Trad. Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2006.
FREITAS, Jan Clefferson Costa de. Que é isto – a Filopsicodelia? O Reflorescimento da Filosofia Psicodélica. Princípios: revista de Filosofia, Natal (RN), v. 30, n. 62, p. 159-200, mai – ago, 2023a. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/31841.
FREITAS, Jan Clefferson Costa de. Entheogenic Creativity: Shamanism and Entheogens in the Visionary Art of Alex Grey. Kalagatos, v. 20, n. 1, p. eK23011, 2023b. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/10132 .
FOUCAULT, Michel. Arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.
GUATTARI, Félix. Revolução molecular: pulsações políticas do desejo. Trad. Suely Belinha Rolnik. São Paulo: Brasiliense, 1985.
HUXLEY, Aldous. As portas da percepção; céu e inferno. Trad. Marcelo Brandão; Thiago Blumenthal. São Paulo: Biblioteca Azul, 2015.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Igor Fidelis Maia, Edson Gonçalves da Silva Filho, André Vinícius Nascimento Araújo 2024
Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .