A psicodelia enquanto revolução molecular: o agenciamento de modos de pensamento e expressão a partir das experiências psicodélicas
Palavras-chave:
empirismo transcendental, agenciamentos maquínicos, contracultura, bricolagemResumo
Uma forma interessante de pensar a contribuição das chamadas “experiências psicodélicas” para o pensamento filosófico é encará-las do ponto de vista de uma “revolução molecular”. O termo, cunhado no influxo dos trabalhos de G. Deleuze (1925 – 1995) e F. Guattari (1930 – 1992), propõe um deslocamento de perspectiva acerca dos movimentos de transformação do social e da subjetividade, onde a distinção entre molar e molecular dá ênfase aos movimentos de agenciamentos micropolíticos do desejo. Devires que se articulam molecularmente, subjetividades constituindo “grupelhos” que mesmo não sendo estruturas molares, deliram todo o campo social, produzindo novas perspectivas. A relação entre o corpo e as moléculas psicodélicas forma um tipo de agenciamento, no qual é posta em questão a ordinariedade das percepções ligadas às estruturas molares da realidade. Isso cria a abertura na subjetividade para um tipo de experiência com os devires, entendidos como expressões de outros modos de existência. A experiência psicodélica exige da subjetividade agenciamentos expressivos ou de enunciação, já que os esquemas representativos convencionais da consciência se defrontam com percepções não ordinárias. Esperamos, ao encarar a experiência psicodélica nesse sentido, mostrar a fractalidade de sua produção de sentidos e transformações sociais, políticas, estéticas e subjetivas.
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Referências
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