A NOVA GEOGRAFIA DO COCO: REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL E DINÂMICAS SOCIOESPACIAIS
Palavras-chave:
produção de coco, reestruturação produtiva da agricultura, dinâmicas socioespaciais, territorialização do capitalResumo
O objetivo principal deste trabalho é compreender como se organiza a nova geografia do coco, evidenciada a partir de uma reestruturação produtiva que atinge nacionalmente esse setor há aproximadamente duas décadas e que provoca o desenrolar de novas e importantes dinâmicas socioespaciais. Enquanto em períodos anteriores não existia um cultivo intensivo de coco no país, uma vez que era produzido sobretudo em comunidades litorâneas e em pequenas quantidades sob os moldes do extrativismo, atualmente observamos o desenvolvimento de um novo modelo de produção do fruto em virtude da reestruturação produtiva em curso. Esse processo pode ser caracterizado, entre outros, pela incorporação de novas tecnologias ao cultivo de coco, pela expansão dos cultivos de coqueiro geneticamente modificado, pela popularização e internacionalização do consumo de água de coco, pela dispersão espacial da produção de coco e sua consequente especialização territorial, pelo aumento da quantidade produzida e da área plantada com o fruto e pela consolidação de seu setor agroindustrial. Tudo isso vem acarretando uma série de implicações no uso e ocupação do espaço agrícola e na organização das relações sociais de produção do fruto, a exemplo do que é observado nos municípios que cultivam coco no ceará. Com efeito, esta pesquisa se dedica a analisar os principais rebatimentos socioespaciais advindos com a reestruturação produtiva do setor do coco em território cearense, focando principalmente na configuração dos espaços nos quais esse processo se materializa e na atuação dos agentes aí inseridos, visando apresentar o desenvolvimento dessa nova geografia do coco. Para tanto, baseamo-nos em uma metodologia constituída basicamente por um levantamento bibliográfico acerca da temática, pela organização de um banco de dados contendo diversos indicadores qualitativos e quantitativos, pela elaboração de uma hemeroteca e pela realização de trabalhos de campo em alguns dos mais importantes municípios cearenses produtores de coco. A partir da consecução desta pesquisa concluiu-se que, ao ter seu sistema produtivo modificado e ao passar a ser produzido em novos espaços, o moderno cultivo do fruto induziu o desenrolar de dinâmicas anteriormente não observadas, alterando a forma e o conteúdo espaciais, que foram reorganizados visando atender a expansão e a consolidação da produção intensiva de coco. A materialização dessa reestruturação produtiva mostrou especialmente quanto esse processo pode ser excludente e conservador, colaborando para acentuar ainda mais o caráter desigual de acumulação do capital, agora também observado com um maior vigor no cultivo de coco, que não ficou à margem da territorialização do grande capital no campo e que trouxe uma série de rebatimentos negativos ao espaço e à sociedade, a exemplo da seletiva modernização do processo produtivo, da monopolização da produção e da comercialização do fruto e da expansão da concentração fundiária, implicações que nos ajudam a revelar o que há realmente por trás da nova geografia do coco no brasil.
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