Embalagens de alimentos para consumo direto: quantificação da carga microbiana e avaliação dos riscos à saúde do consumidor

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52521/nutrivisa.v12i1.15922

Palavras-chave:

recipientes de alimentos; contaminação de alimentos; boas práticas de manipulação; segurança dos alimentos.

Resumo

O consumo direto de alimentos em embalagens que requerem contato da boca com a superfície externa, como latas de refrigerantes e iogurtes de beber, pode representar risco microbiológico. Caso essas superfícies não sejam descontaminadas, há possibilidade de transmissão de doenças. Este estudo avaliou a contaminação microbiológica em embalagens de iogurte e refrigerante, identificando microrganismos indicadores nas áreas que entram em contato com a boca do consumidor. Foram coletadas 24 amostras em um supermercado de um município da Fronteira Oeste, RS, nos períodos de inverno e primavera, sendo 12 de iogurte e 12 de refrigerante, distribuídas igualmente entre duas marcas de cada produto. A coleta microbiológica foi padronizada, em área delimitada das embalagens. Avaliaram-se bolores, leveduras, enterobactérias, coliformes a 35°C e coliformes a 45°C. A contaminação por bolores e leveduras foi elevada em ambos os produtos e períodos, com contagens entre 0,4 e 46,5 UFC/cm2, sendo o maior valor no iogurte da marca A, na primavera. Enterobactérias foram detectadas em 25% dos grupos, com contagens elevadas de enterobactérias na marca A de iogurte no inverno. Coliformes foram encontrados apenas no inverno, em todos os grupos de refrigerantes (coliformes a 35°C e a 45°C) e na marca B de iogurtes (coliformes a 35°C). As condições ambientais variaram entre os períodos, com maior umidade no inverno. As temperaturas dos iogurtes mantiveram-se dentro dos limites recomendados, entre 1,73 e 5,68 °C. O estudo evidenciou contaminação nas embalagens, com destaque para contagens significativas de bolores e leveduras e de enterobactérias em alguns dos grupos avaliados. Os achados indicam risco potencial à saúde do consumidor e reforçam a importância de medidas preventivas e práticas adequadas de higienização das embalagens para evitar contaminação cruzada.

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Publicado

08-10-2025

Como Citar

PAULA, L. S.; CARVALHO, G. T. e; ROLL, R. J.; LOPES, L. do P.; LISBOA, G. da S.; NESPOLO, C. R. Embalagens de alimentos para consumo direto: quantificação da carga microbiana e avaliação dos riscos à saúde do consumidor. Nutrivisa Revista de Nutrição e Vigilância em Saúde, Fortaleza, v. 12, n. 1, p. e15922, 2025. DOI: 10.52521/nutrivisa.v12i1.15922. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/nutrivisa/article/view/15922. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos originais