“Dois termos, nada mais, nada menos”:
conservadorismo religioso, políticas públicas e gênero
DOI:
https://doi.org/10.32335/2238-0426.2023.13.30.8672Palavras-chave:
políticas públicas, gênero, sexualidade, conservadorismoResumo
Qual é o impacto da ação e discurso de atores religiosos cristãos conservadores – católicos e evangélicos – nos processos de discussão e decisão das políticas públicas tramitando em casas legislativas estaduais e municipais brasileiras? Eis a questão que norteia este artigo. Tomando como campo de observação o debate em torno da presença de dois termos, “gênero” e “sexualidade”, dentro de um amplo programa de educação estadual no Ceará, o conservadorismo cristão transforma a política pública, lugar do equacionamento racional-democrático de tensões e desigualdades sociais, em teatro onde se manipulam medos sociais e pânicos morais. A mobilização em torno da retirada dos dois signos linguísticos (gênero e sexualidade) de documentos orientativos de políticas públicas reflete uma linguagem religiosa avessa aos processos de interlocução e racionalidade comunicativa. Embasados por metodologia qualitativa – revisão bibliográfica parcial, transcrição de discursos em ambiente legislativo, uso de fontes primárias (perfis em redes digitais) e secundárias – traçamos o panorama de um longo processo de deterioração de políticas públicas democráticas sob as mãos religiosas de atores políticos do campo conservador cristão.
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