O mal-estar no estruturalismo - ambivalências da demanda por justa representação no campo da arbitrariedade do signo

Autori

  • Gabriel Victor Rocha Pinezi UnB

DOI:

https://doi.org/10.52521/kg.v22i1.14678

Parole chiave:

justiça, arbitrariedade, Saussure, Platão, Derrida

Abstract

O artigo tem como objetivo discutir certo mal-estar ético e político no pensamento estruturalista — especialmente na desconstrução derridiana e em seus herdeiros — segundo o qual as estruturas seriam, simultaneamente e paradoxalmente, origem e causa de toda liberdade e de toda violência. Problematizamos tal hipótese dividindo o artigo em três partes: na primeira, analisamos as teses de Saussure sobre a arbitrariedade do signo com base na leitura mais atual de Patrice Maniglier (2023); em seguida, discutimos em que medida as teses saussurianas retomam conceitos e ideias próprias ao Crátilo, de Platão; na terceira, apontamos para alguns impasses da desconstrução derridiana no trato com o conceito de justiça a partir do embate com Saussure e Platão. Com isso, concluímos que o mal-estar no estruturalismo parece derivar de um uso hiperbólico das metáforas da “justiça” e da “violência” aplicadas ao problema da representação de modo a retomar a hipótese platônica da “correção” e da “justiça” dos nomes.

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Pubblicato

2025-01-02

Come citare

ROCHA PINEZI, G. V. O mal-estar no estruturalismo - ambivalências da demanda por justa representação no campo da arbitrariedade do signo: . Kalagatos , [S. l.], v. 22, n. 1, p. ek24003, 2025. DOI: 10.52521/kg.v22i1.14678. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/14678. Acesso em: 21 gen. 2025.

Fascicolo

Sezione

Dossiê Atualidade do Estruturalismo