Ensinando a Transgredir a Ordem do Discurso
Résumé
Este texto tem por objetivo realizar reflexões, no âmbito da linguagem, sobre a escrita da autora norte-americana bell hooks, em Lingua: ensinando novos mundos/ novas palavras, que compõe o capítulo 11 do livro Ensinando a Transgredir: a educação como prática da liberdade, situando o debate interseccional da autora a partir da análise de Michel Foucault sobre a produção do discurso, na sua aula inaugural no Collège de France: A ordem do discurso. Para isso, apontamos alguns autores que marcaram a relação entre racismo e linguagem na constituição da sociedade contemporânea: Franz Fanon e as consequências da colonialidade para a população negra; Beatriz Nascimento, advertindo a importância de o negro narrar-se a si mesmo; e Lélia González, com a designação do termo “Pretuguês”, que representaria a linguagem como uma camada fundante da cultura brasileira. Concluímos que, tanto para bell hooks como para Foucault, a linguagem é bem mais que uma ferramenta de comunicação neutra e objetiva, mas pode se tornar uma condutora poderosa na construção de identidades e do pensamento crítico à medida que provoca tensões. Daí a relevância de situar o pensamento de Foucault no debate que intersecciona gênero e raça no contexto da educação.
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Références
COLLINS, Patricia Hill. Interseccionalidade / Patricia Hill Collins, Sirma Bilge; tradução Rane Souza. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2020.
FANON, FRANZ. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira – Salvador: EDUFBA, 2008.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970/ Michel Foucault; Tradução Laura Fraga de Almeida Sampaio, -- 24. Ed. – São Paulo: Edições Loyola, 2014.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. LEFEBRVE, H. A produção do espaço. Paris: Éditions Anthropos, 2000GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984.
hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo Martins Fontes, 2013.
NASCIMENTO, Maria Beatriz. O negro visto por ele mesmo; organizado por Alex Ratts; Posfácio de Muniz Sodré; Texto de Bethania Nascimento FreitasGomes. São Paulo: Ubu Editora, 2022.
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