Quem são as Massas? Crítica Interseccional sobre a Unidade da Massa
DOI:
https://doi.org/10.52521/kg.v22i3.16715Palabras clave:
Psicologia das massas, Patricia Hill Collins, Interseccionalidade, Teoria crítica racialResumen
Este artigo propõe uma leitura interseccional do fenômeno das massas, tomando como referência a formulação de Patricia Hill Collins que inscreve a interseccionalidade no campo da teoria crítica. Nessa perspectiva, a interseccionalidade não apenas amplia o escopo analítico, mas busca mecanismos teóricos a fim de desnaturalizar opressões ao evidenciar como raça, classe, gênero, dentre outros marcadores, estruturam de modo assimétrico as relações sociais. Esse enquadramento desloca a tradição da Psicologia das Massas, centrada na busca por mecanismos psíquicos supostamente universais e por explicações generalizantes que tratavam a massa como um todo indiferenciado, para uma análise que pergunta não apenas como as massas funcionam, mas sobretudo quem as compõe. Ao revisitar autores do fim do século XIX, como Gustave Le Bon, Scipio Sighele e Gabriel Tarde, mostramos que suas teorias buscavam diagnosticar insurreições populares como a Comuna de Paris, concebendo a massa como fenômeno patológico, homogêneo e governado por leis psicológicas fixas. Freud e Adorno reelaboraram essa explicação do fenômeno multitudinal, mas ainda mantiveram pressupostos que pouco consideraram as diferenças estruturais entre os sujeitos que o compõem. Ao utilizarmos as lentes multifocais da interseccionalidade para observar as formulações desses autores, torna-se possível compreender que as massas são atravessadas por marcadores sociais. Em outras palavras, raça, classe, gênero e localidade circunscrevem e definem quais sujeitos têm sua agência, demandas e liderança legitimadas e quais são destinados somente à obediência e ao controle.
Descargas
Citas
ADORNO, Theodor. A teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista. In: ______. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Editora Unesp, 2015.
ADORNO, Theodor W. Estudos sobre a personalidade autoritária. São Paulo: Editora Unesp, 2019.
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Boitempo Editorial, 2021.
COLLINS, Patricia Hill. Bem mais que ideias: a interseccionalidade como teoria social crítica. Boitempo Editorial, 2022.
CRENSHAW, Kimberlé. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero. VV. AA. Cruzamento: raça e gênero. Brasília: Unifem, v. 1, n. 1, p. 7-16, 2004.
CRENSHAW, Kimberle. Mapping the margins: Intersectionality, identity politics, and violence against women of color. The legal response to violence against women, v. 5, p. 91, 1997.
DIAS RIBEIRO, Renata. Patricia Hill Collins e a noção de interseccionalidade: contribuições para uma teoria social crítica. Prometheus - Journal of Philosophy., [S. l.], v. 16, n. 46, 2024. DOI: 10.52052/issn.2176-5960.pro.v16i46.22293.
Disponível em: https://periodicos.ufs.br/prometeus/article/view/22293. Acesso em: 16 nov. 2025.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Boitempo Editorial, 2016.
DE HOLLANDA, Heloisa Buarque et al. Interseccionalidades: pioneiras do feminismo negro brasileiro. Bazar do Tempo Produções e Empreendimentos Culturais LTDA, 2020.
DOS SANTOS, Kedrini Domingos. A figura feminina no imaginário francês do século XIX. Lettres Françaises, 2019.
FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do eu. Porto Alegre: L&PM, 2019.
HORKHEIMER, Max et al. Teoría tradicional y teoría crítica. Barcelona: Paidós, 2000.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Editora Cobogó, 2020.
LE BON, Gustave. Psicologia das multidões. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
LE BON, Gustave. The Influence of Race in History. Review Scientifique, 28 abr. 1888. Tradução e edição de Robert K. Stevenson.
MOSCOVICI, Serge. La era de las multitudes: un tratado histórico de psicología de las masas. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1985
NOGUEIRA, Isildinha Baptista. A cor do inconsciente: significações do corpo negro. São Paulo: Perspectiva,
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
SOUZA, Neusa Santos. A cor do inconsciente: significações do corpo negro. São Paulo: Editora Perspectiva, 2021.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Renata Dias-Ribeiro

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.














