Caracterização epidemiológica dos acidentes ofídicos no município de Russas, Ceará

Autores

  • Maria Letícia Silva dos Santos Universidade Federal do Ceará
  • Carlos Antônio Sombra Junior Secretaria de Educação do Ceará - SEDUC-CE
  • Déborah Praciano de Castro Universidade Estadual do Ceará

Palavras-chave:

Serpentes, Ofidismo, Saúde publica, Agricultura

Resumo

Os acidentes ofídicos são um problema de saúde pública, principalmente em regiões interioranas com produção agrícola. Este trabalho teve como objetivo caracterizar os acidentes ofídicos em Russas. Os dados epidemiológicos foram obtidos a partir da análise das fichas notificadas à Secretaria de Saúde Municipal. Foram analisados 137 casos, apresentando o coeficiente de incidência média anual de 18 casos para cada 100 mil habitantes. Houve predomínio de acidentes na zona rural, envolvendo agricultores homens, com a faixa etária entre 20 e 39 anos. O gênero Bothrops teve mais registros de acidentes e os meses de junho e julho as maiores frequências. Os acidentes, em maioria, foram classificados como leves e evoluíram para cura. Portanto, este estudo contribuirá para melhorar a concepção do ofidismo na cidade e em outras regiões que sejam polos de agricultura e mostra que é preciso ações de educação ambiental para prevenção de acidentes e preservação das serpentes.

Referências

BARBOSA, V. D. N.; AMARAL, J. M. D. S.; ALVES, Á. A. A.; FRANÇA, F. G. R. A new case of envenomation by neotropical opisthoglyphous snake Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) in Recife, State of Pernambuco, Brazil. Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 53, 2020. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0151-2020

BERNARDE, P. S. Mudanças na classificação de serpentes peçonhentas brasileiras e suas implicações na literatura médica. Gazeta Médica da Bahia, v. 81, n. 1, p. 55-63, 2011. Disponível em: http://www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/1141

BERNARDE P. S. Serpentes peçonhentas e acidentes ofídicos no Brasil. São Paulo: Anolis Books Editora, 2014. 223 p.

BOCHNER, R.; STRUCHINER, C. J. Epidemiologia dos acidentes ofídicos nos últimos 100 anos no Brasil: uma revisão. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, p. 07-16, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000100002

BORGES-NOJOSA, D. M.; LIMA-VERDE, J. S. Geographic Distribution. Lachesis muta rhombeata. Herpetologica Review, v. 30, n. 4, p. 235, 1999.

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7. ed. Brasília: 2009. 813 p.

CÂMARA, O.F.; SILVA, D.D.; HOLANDA, M.N.; BERNARDE, P.S.; SILVA, A.M.; MONTEIRO, W.M.; LIMA, M.V.M.; MONTEIRO, A.; WAJNSZTEJN, R. Ophidian envenomings in a region of Brazilian Western Amazon. J Hum Growth Dev. 2020; 30(1):120-128. Disponível em: http://doi.org/10.7322/jhgd.v30.9958

CARDOSO, J. L. C.; FRANÇA, F. D. S.; WEN, F. H.; MALAQUE, C. M. S.; HADDAD JR, V. Animais Peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003.

CEARÁ, Secretaria de Saúde. Boletim epidemiológico: acidentes por animais peçonhentos. Fortaleza, 10 jun. 2016, p. 1-8. Disponível em: <https://www.saude.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/9/2018/06/boletim_ac_animais_peconhentos_10_06_2016.pdf.>. Acesso em: 18 out. 2018.

CERON, K.; BERNARDE, P. S.; SESTITO, G. A.; ZOCCHE, J. J. Acidentes ofídicos no estado de Santa Catarina, Brasil. Oecol. Aust. v. 23, n. 1, p. 56–65, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.4257/oeco.2019.2301.05.

CHIPPAUX, J. Epidemiology of envenomations by terrestrial venomous animals in Brazil based on case reporting: from obvious facts to contingencies. Journal of venomous animals and toxins including tropical diseases, v. 21, p. 1-17, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40409-015-0011-1

CHIPPAUX, J. Estimating the global burden of snakebite can help to improve management. PLOS Medicine, v. 5, n. 11, p. 1538-1539, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.0050221

CHIPPAUX, J. P. Snakebite envenomation turns again into a neglected tropical disease!. Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases, v. 23, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40409-017-0127-6

CITELI, N. Q. K.; CAVALCANTE, M. M.; MAGALHÃES, M. A. F. M.; BOCHNER, R. Lista dos Polos de Soro para Atendimento de Acidentes Ofídicos no Brasil. SINITOX, 2018. Disponível em: www.sinitox.icict.fiocruz.br

CITELI, Nathalie et al. Bushmaster bites in Brazil: Ecological modelling and spatial analysis to improve human health measures. Cuadernos de Herpetología, v. 34, n. 2. p. 135-143, 2020.

CORTEZ, H. S; LIMA, G. P. de; SAKAMOTO, M. S. A seca 2010-2016 e as medidas do Estado do Ceará para mitigar seus efeitos. Revista Parcerias Estratégicas, v. 22, n. 44, p. 83-118, 2017.

D’AGOSTINI, F. M.; CHAGAS, F. B.; BELTRAME, V. Epidemiologia dos acidentes por serpentes no município de Concórdia, SC no período de 2007 a 2010. Evidência, v. 11, n. 1, p. 51-60, 2011.

FEITOSA, R. F. G.; MELO, I. M. L. A.; MONTEIRO, H. S. A. Epidemiologia dos acidentes por serpentes peçonhentas do Estado do Ceará - Brasil. Revista Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 30, p. 295-301, 1997.

FERNANDES, D.S.; FRANCO, F.L.; FERNANDES, R. Systematic revision of the genus Lachesis Daudin, 1803 (Serpentes, Viperidae). Herpetologica, 60 (2): 245-260. 2004. Disponível em: http://www.bioone.org/doi/full/10.1655/02-85

FREITAS, A. D; FEITOSA, C. A; LIMA, A. D. Acidentes Por Serpentes Peçonhentas (Squamata; Reptilia) Em Indígenas No Brasil. Revista Ouricuri, Juazeiro, Bahia, v.9, n.1. p.013-026. jan./jun., 2019. Disponível em: 10.29327/ouricuri.v9.i1.a2

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Russas: IBGE, 2020. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/resultados_do_universo.pdf>. Acesso em: fev. 2020

IPECE. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (2017). Disponível em: http://www.ipece.ce.gov.br/. Acesso em: 05 de mar. 2019

LEMOS, J. C. et al. Epidemiologia dos acidentes ofídicos notificados pelo Centro de Assistência e Informação Toxicológica de Campina Grande (Ceatox-CG), Paraíba. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 12, n.1, p. 50-9. 2009.

LIMA, E. C. F.; FARIA, M. D. de; MORAIS, R. M. R. B. de; OLIVEIRA, L. M. S. R. de; LIMA, E. H. F.; COSTA, C. de S. C. Interações entre meio ambiente, atendimentos antirrábicos e acidentes por animais peçonhentos no município de Petrolina (PE). Saúde e Meio Ambiente. v. 6, n. 1, p. 54-70, 2017. Disponível em: . Acesso em: 18 out. 2018.

LIRA-DA-SILVA, R. M.; MISE, Y. F.; CASAIS-E-SILVA, L. L.; ULLOA, J.; HAMDAN, B.; BRAZIL, T. K. Serpentes de importância médica do nordeste do brasil. Gazeta Médica da Bahia, Bahia, v. 1, n. 79, p.7-20, 2009. Disponível em: <http://www.gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/990>. Acesso em: 25 jan. 2019.

MATOS, Rafael Rodrigues; IGNOTTI, Eliane. Incidência de acidentes ofídicos por gêneros de serpentes nos biomas brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 2837-2846, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232020257.31462018

MARQUES, O. A. V.; ETEROVIC, A.; GUEDES, T. B.; SAZIMA, I. Serpentes da Caatinga. Cotia: Ponto A, 2017. 240 p.

MESQUITA, P. C. M. D.; PASSOS, D. C.; BORGES-NOJOSA, D. M.; CECHIN, S. Z. Ecologia e história natural das serpentes de uma área de Caatinga no nordeste brasileiro. Papéis Avulsos de Zoologia, v. 53, n. 8, p. 99-113, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0031-10492013000800001

MOURA, M. R. D.; COSTA, H. C.; SÃO-PEDRO, V. D. A.; FERNANDES, V. D.; FEIO, R. N. O relacionamento entre pessoas e serpentes no leste de Minas Gerais, sudeste do Brasil. Biota Neotropica, v. 10, n. 4, p. 133-141, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1676-06032010000400018

NOGUEIRA, C. C. et al. Atlas of Brazilian snakes: verified point-locality maps to mitigate the Wallacean shortfall in a megadiverse snake fauna. South American Journal of Herpetology, v. 14, n. sp1, p. 1-274, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.2994/SAJH-D-19-00120.1

OMS. World Health Organization. 8, Abril, 2019. disponivel em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/snakebite-envenoming. Acessado em: 27.07.2020

PINTO, R. N. L.; DA SILVA JR, N. J.; AIRD, S. D. Human envenomation by the South American opisthoglyph Clelia clelia plumbea (Wied). Toxicon, v. 29, n. 12, p. 1512-1516, 1991. https://doi.org/10.1016/0041-0101(91)90008-F

ROBERTO, I. J.; LOEBMANN, D. Composition, distribution patterns, and conservation priority areas for the herpetofauna of the state of Ceará, northeastern Brazil. Salamandra, v. 2, n. 52, p. 134-152, 2016.

SALOMÃO, M. D. G; LUNA, K. P. D.O; MACHADO, C. Epidemiologia dos acidentes por animais peçonhentos e a distribuição de soros: estado de arte e a situação mundial. Revista de Saúde Pública. 2008; 20: 523-529, Disponível em: https://doi.org/10.15446/rsap.v20n4.70432

SANTOS-COSTA, M.C.; OUTEIRAL, A.B.; D'AGOSTINI, F.M & CAPPELLARI, L.H. Envenomation by the Neotropical Colubrid Boiruna maculata (Boulenger, 1896): a case report. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 42, p. 283-286, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0036-46652000000500008

SILVA, A. M. D; BERNARDE, P. S.; ABREU, L. C. D. Accidents with poisonous animals in brazil by age and sex. Journal Of Human Growth And Development, v. 25, n. 1, p.54-62, 2015. NEPAS. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.96768>. Acesso em: 05 mar. 2019.

SINAN. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS E NOTIFICAÇÃO. Ministério da Saúde. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/animaisbr.def.

UETZ, P. The Reptile Database. Disponível em: http://www.reptile-database.org/ Acesso em: 26 set. 2021.

Downloads

Publicado

03-01-2022

Como Citar

Maria Letícia Silva dos Santos, Carlos Antônio Sombra Junior, & Déborah Praciano de Castro. (2022). Caracterização epidemiológica dos acidentes ofídicos no município de Russas, Ceará. Conexão ComCiência, 2(1). Recuperado de https://revistas.uece.br/index.php/conexaocomciencia/article/view/7287