Só a violência é soberana: Ou, Porque um nazista se interessou por um filósofo judeu
Or, "Why a Nazi Took Interest in a Jewish Philosopher"
DOI:
https://doi.org/10.52521/poly.v18i1.15137Palavras-chave:
Benjamin, estado de exceção, Schmit, Soberania, ViolênciaResumo
Walter Benjamin, em seu ensaio Crítica à Violência – Crítica ao Poder, sugere que a violência, frequentemente estigmatizada, foi expropriada durante a Modernidade. Assim como o Trabalho, ela seria parte essencial da condição humana que o capitalismo tomou para si, mascarando-a na forma fetichizada do Direito, a “violência legítima”. Esse diagnóstico tornou o texto um dos mais discutidos do século XX e, argumento, foi também o que inquietou Carl Schmitt, o “jurista da coroa do Terceiro Reich”. O engajamento com Benjamin se tornou central para a evolução da teoria de soberania schmittiana, pois a “violência divina” descrita pelo filósofo propõe uma relação alternativa com o poder soberano: não como opressão, mas como emancipação. Para explorar essa hipótese, analiso o ensaio de Benjamin à luz de Jacques Derrida e David Graeber, além do debate entre Schmitt e Benjamin. Por fim, investigo a teoria da soberania de Benjamin, sugerindo uma aproximação com a filosofia da autodefesa de Elsa Dorlin. Esse movimento aponta para um horizonte político radical, onde a “tradição dos oprimidos” torna-se base para uma nova soberania, capaz de libertar em vez de subjugar.
Downloads
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção: Homo Sacer, II, I. Tradução: Iraci D. Poletip. 2ª. ed. [S. l.]: Boitempo Editorial, 2004. 144 p. ISBN 857559057X. Recurso digital (formato ePUB)
BENJAMIN, Walter. Per una crítica della violenza. In: BENJAMIN, Walter. Angelus Novus: Saggi e frammenti. Torino: Giulio Einaudi editore, 2014. cap. 1. Recurso digital (formato ePUB).
BENJAMIN, Walter. Critique of Violence. Separata de: BENJAMIN, Walter. Walter Benjamin: Selected Writings, 1: 1913–1926. 6. ed. Cambridge (EUA); Londres (ING): Belknap Press of Harvard University Press, 2004. cap. 37, p. 236-252. Disponível em: <https://criticaltheoryconsortium.org/wp-content/uploads/2018/05/Benjamin-Critique-of-Violence-1.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2025.
BENJAMIN. Walter. Documentos de cultura. documentos de barbárie: escritos escolhidos. Seleção e apresentação: Willi Bolle. Tradução: Celeste H.M. Ribeiro de Sousa et al. São Paulo: Cultrix: Editora da Universidade de São Paulo. 1986. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4179840/mod_resource/content/1/DOCUMENTOS%20DE%20CULTURA%20DOCUMENTOS%20DE%20BARB%C3%81RIE.pdf>. Acesso em: 03 jan. 2025.
BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Organização e tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012. ISBN 978-85-8217-041-0. Recurso digital (formato ePUB).
BENJAMIN, Walter. Origem do drama trágico alemão. Edição e tradução: João Barrento. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. Recurso digital (formato ePUB).
BENJAMIN, Walter. Para una crítica de la violencia. Tradução: Héctor A. Murena. Buenos Aires: Editorial Leviatán, 1995. E-book (46 p.).
BENJAMIN, Walter. Pour une critique de la violence. Tradução: Antonin Wiser. 1. ed. Paris: Editions Allia, 2019. ISBN 979-10-304-1055-6. E-book (64 p.).
BENJAMIN, Walter. DRAMA BARROCO E TRAGÊDIA: I. Teoria barroca e drama barroco. In: BENJAMIN, Walter. Origem do drama barroco alemão. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. 1ª. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984. cap. 2, p. 81-121.
BUTLER, Judith. A força da não violência: um vínculo ético-político. Tradução: Heci Regina Candiani. Prefácio de Carla Rodrigues. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2021.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o Colonialismo. 2. ed. [S. l.]: Editorial Adandé, 2024. 90 p. Disponível em: <https://editorialadande.com/wp-content/uploads/2024/05/Livro-Digital-AMC-24.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2024.
DAVIS, Mike. Holocaustos Coloniais: a criação do terceiro mundo. Tradução de Alexandre Barbosa de Souza. São Paulo: Veneta, 2022. Recurso digital (formato ePUB).
DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.
DORLIN, Elsa. Autodefesa – uma filosofia da violência. Prefácio de Judith Butler. Traduzido por Jamille Pinheiro Dias e Raquel Camargo. Título original: Se Defendre. Une philosophie de la violence. São Paulo: Crocodilo/Ubu Editora, 2020. 320 pp.
GRAEBER, David. The divine kingship of the Shilluk: On violence, utopia, and the human condition, or, elements for an archaeology of sovereignty. HAU: Journal of Ethnographic Theory, [s. l.], p. 1-62, 2011. Disponível em: <https://www.haujournal.org/index.php/hau/article/view/hau1.1.002>. Acesso em: 22 dez. 2024.
GRAEBER, David. Fragments of an Anarchist Anthropology. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2004. 55 p. ISBN 0-9728196-4-9. Disponível em: <https://theanarchistlibrary.org/library/david-graeber-fragments-of-an-anarchist-anthropology>. Acesso em: 22 dez. 2024.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6. ed. 5ª tiragem (2003). São Paulo: Martins Fontes, 1998. ISBN 85-336-0836-5.
MARTEL, James R. Divine violence: Walter Benjamin and the eschatology of sovereignty. Nova Iorque: Routledge, 2012. 168 p.
MARTEL, James. Waiting for Justice: Benjamin and Derrida on Sovereignty and Immanence. Republics of Letters: A Journal for the Study of Knowledge, Politics, and the Arts, [s. l.], n. 2, 1 jun. 2011. Disponível em: <https://shc.stanford.edu/arcade/publications/rofl/issues/volume-2-issue-2/waiting-justice-benjamin-and-derrida-sovereignty>. Acesso em: 22 dez. 2024.
MATOS, Andityas Soares De Moura Costa; FREITAS, Lorena Martoni de. Deslocamentos da soberania: percursos de um conceito-limite em Carl Schmitt e Giorgio Agamben. Revista de Filosofia Aurora, [S.l.], v. 29, n. 47, set. 2017. ISSN 1980-5934. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/aurora/article/view/7325/18591>. Último acesso em: 26 jan. 2025.
MATOS, Andityas Soares De Moura Costa; MILÃO, Diego Antonio Perini. Decisionismo e Hermenêutica Negativa: Carl Schmitt, Hans Kelsen e a afirmação do poder no ato interpretativo do direito. Seqüência, Florianópolis, v. 34, n. 67, dez. 2013. DOI: https://doi.org/10.5007/2177-7055.2013v34n67p111. Disponível em: < https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/2177-7055.2013v34n67p111/25845>. Último acesso em: 26 jan. 2025.
MÜLLER, Jan-Werner. Myth, law and order: Schmitt and Benjamin read reflections on violence. History of European Ideas 29, [s. l.], p. 459-473, 2003. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1016/j.histeuroideas.2003.08.002>. Acesso em: 22 dez. 2024.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falava Zaratustra: livro para toda gente e para ninguém. Apêndices: Elisabeth Föster-Nietzsche. Tradução: José Mendes de Souza. Prefácio: Geir Campos. [Ed. especial]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
OLIVEIRA, Júlio Aguiar de. A deliberação como condição de aplicação da proporcionalidade. Revista Brasileira de Direito, v. 12, n. 2, 2016. DOI:
https://doi.org/10.18256/2238-0604/revistadedireito.v12n2p146-153. Disponível em: < https://seer.atitus.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/1620/0>. Acesso em: 23 jul. 2024.
SCHMITT , Carl. Dictatorship. Tradução para o inglês: Michael Hoelzl, Graham Ward. 7. ed. [S. l.]: Polity Press, 2014. 314 p.
SCHMITT, Carl. O conceito do politico/Teoria do Partisan. Coordenação e supervisão: Luiz Moreira. Tradução de Geraldo de Carvalho. Belo Horizonte Del Rey, 2008. 264 р. ISBN 978-85-7308-988-2
SCHMITT, Carl. Teologia política. Tradução de Elisete Antoniuk. Coordenação e supervisão: Luiz Moreira. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. 168p. Disponível em: < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4097470/mod_resource/content/1/teologia%20pol%C3%ADtica%20carl%20schmitt.pdf>. Acesso em: 04 jan. 2025.
SCHMITT, Carl. The Political Theory Of Myth. Tradução para o inglês: Carl Raschke. The New Polis, [s. l.], 15 dez. 2022. Disponível em: <https://thenewpolis.com/2022/12/15/the-political-theory-of-myth-carl-schmitt/>. Acesso em: 28 dez. 2024.
SELIGMANN-SILVA, Marcio. Walter Benjamin: o Estado de Exceção entre o político e o estético. outra travessia, Florianópolis, n. 5, p. 25-38, jan. 2005. ISSN 2176-8552. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/Outra/article/view/12579/11746>. Último acesso em: 20 dez. 2024.
TAUBES, Jaboc. The Political Theology of Paul. ASSMANN, Aleida; ASSMANN, Jan; FOLKERS, Horst; HARTWICH, Wolf-Daniel; SCHULTE, Christoph (ed.). Tradução: Dana Hollander. Buenos Aires: Stanford University Press, 2004. Disponível em: <https://archive.org/details/politicaltheolog00jaco>. Acesso em: 27 dez. 2024.
TRAVERSO, Enzo. “Relações Perigosas”: Walter Benjamin e Carl Schmitt no crepúsculo de Weimar. Revista Direito e Praxis, Rio de Janeiro, v. 11, n. 03, p. 1973-1985, 2020. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rdp/a/ctLNFHwhF5mcp86WWjkJmWc/>. Acesso em: 22 dez. 2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 João Pedro Maia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.