Leituras contemporâneas de Rousseau:
Constant, Vaughan, Talmon ou Berlin: de que lado estará o verdadeiro pensamento do Genebrino?
DOI:
https://doi.org/10.23845/kalagatos.v14i2.6277Parole chiave:
Filosofia, Política, Homem, Liberdade, AutoridadeAbstract
O Do contrato social, livro publicado por Rousseau em Paris em abril de 1762 é o trabalho que lhe notabiliza no campo do pensamento político. Nele imprimindo uma forma abstrata, metafísica, o filósofo põe-se a enfrentar o problema da relação entre liberdade e autoridade, essa uma questão bastante espinhosa que suscita polêmicas e controvérsias fazendo às vezes perder-se a orientação verdadeira de seu pensamento. De um lado, aparecem aqueles que, tocados pela perspectiva liberal, contestam a essência de suas ideias, tendo-o enquanto ditador e totalitário. B. Constant, vendo-o inspirado nos antigos, em especial os gregos, no seio da pólis, entende que, embora comece orientando-se pelas ideias de Locke, tal como lhe interpreta também C.E. Vaughan, Rousseau acaba defendendo um modelo de Estado que absolutiza a vontade geral, vindo sufocar o indivíduo. Por essa linha teórica, avançam, guardados seus traços próprios, J. L. Talmon e I. Berlin, sendo que o primeiro julga que Rousseau termina fazendo-se preconizador daquilo que chama “democracia totalitária”, enquanto o segundo acredita que o genebrino peca por mitificar a figura do “eu verdadeiro” que se apresentaria como verdade única autorizando qualquer arbítrio. Penso ser possível divergir-se dessa perspectiva entendendo que a essência da doutrina política de nosso autor não é autocrática e totalitária e busca consumar um gênero elevado de liberdade. Visamos aqui, neste artigo, apoiarmo-nos neste conceito convencido de que nele está fundado o verdadeiro pensamento de Rousseau que não raro é muito mal lido, embora contenha ideias alvissareiras no sentido moral e político.
Downloads
Riferimenti bibliografici
BERLIN, I. Rousseau. In: BERLIN, I. Rousseau e outros cinco inimigos da liberdade.Trad. de Tiago Araújo. Lisboa: Gradiva, 2005.
BOBBIO, N. et alii. Dicionário de política. 12 ed. Trad. de Carmen C. Varriale et alii. Bra-sília: Editora UNB, Vol. 2, 1999.
CONSTANT, B. De la liberté des anciens compareé a celle des modernes. In: CONSTANT, B. Cours de politique constitutionnelle. Paris: Librairie Guillaumin, 1872.
JULLIARD, J. La faute à Rousseau. Paris: Éditions du Seuil, 1985.LEIGH, R.-A. Liberté et autorité dans le Contrat social. In: Jean-Jacques Rousseau et son Oeuvre; Problèmes et Recherches. Paris: Librairie Klincksiek, 1964.
ROUSSEAU, J.-J. Du contrat social ou principes du droit politique. Oeuvres Complè-tes, v. 3, Paris: Éditions Gallimard, 1964, (Bibliotèque de la Pléiade).
TALMON, J.L. The Origins of Totalitarian Democracy. New York, Frederick A. Praeger, 1960.
VAUGHAN, C.E. Introduction; Rousseau as Political Philosopher. In: ROUSSEAU, J.-J. The Political Writing of Jean-Jacques Rousseau. Ed. C.E. Vaughan. Oxford, Basil Bla-ckwell, v.1, 1962.
VAUGHAN, C.E. Rousseau e o contrato social. In: BENJAMIN, César (org.). Estudos sobre Rousseau. RJ: Contraponto, 2015.
ESPÍNDOLA, Arlei de. Leituras contemporâneas de Rousseau: Constant, Vaughan, Tal-mon ou Berlin: de que lado estará o verdadeiro pensamento do genebrino?Kalagatos, Fortaleza, v. 14, n. 2, 2017, p. 305-323.Recebido: julho de 2017.Aprovado: agosto de 2017.