Eu (não) sou ninguém:

A subjetividade sem nome

Autor/innen

  • Giuseppe Cocco
  • Marcio Tascheco

DOI:

https://doi.org/10.23845/kalagatos.v14i2.6263

Schlagworte:

Trabalho imaterial, Metrópole, Subjetividade, Comum

Abstract

O trabalho na metrópole contemporânea, ao mesmo tempo, criou novos mecanismos operacionais e produziu novas subjetivida-des antagônicas. No Brasil, junho de 2013, foi configurado como a brecha nacional de uma onda global de rebeliões multidões dentro da grande fábrica pós-moderna: a cidade. É dentro das cidades e da subjeti-vidade que os levantes têm vindo a desen-volver-se no capitalismo pós-fordista, o que nos permite dizer que tanto junho como o marco político imposto pelo estelionato elei-toral em 2014 (bem como o impeachment de 2016), precisam serem analisados na pers-pectiva desse deslocamento de paradigma. A revolta de Junho incomoda porque não se enquadra em nenhum esquema teórico ou político predefinido e porque é irrepresen-tável. A frase da manifestante entrevistada no calor dos eventos é sintomática: “escreve lá, eu sou ninguém”. Ela parece resgatar a astúcia de Ulysses, menos pela sua dimen-são homérica, como uma certa interpreta-ção agambeniana poderia levar a acreditar, e mais por ser capaz de organizar a disputa dentro da subjetividade. Por isso, mobiliza-mos Simone Weil e Hannah Arendt e suas críticas ao humanismo e a incapacidade dos países dos direitos humanos de ganhar essa batalha. As sombras de junho são insuportá-veis porque afirmaram a potência biopolítica do trabalho metropolitano. As máscaras de junho eram possíveis porque se baseavam na “emergência selvagem da classe sem nome”. O que buscamos neste artigo é esse poder vivo que pode inventar as instituições do comum metropolitano.

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Veröffentlicht

2021-07-17

Zitationsvorschlag

COCCO, G.; TASCHECO, M. Eu (não) sou ninguém:: A subjetividade sem nome. Kalagatos , [S. l.], v. 14, n. 2, p. 37–57, 2021. DOI: 10.23845/kalagatos.v14i2.6263. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/6263. Acesso em: 23 nov. 2024.