Encontros e desencontros de dois filósofos “judeus” - Simone Weil e Espinosa

Autores

  • Maria Luísa Ribeiro Ferreira Universidade de Lisboa

Palavras-chave:

Espinosa. Simone Weil. Religiosidade. Judaísmo.

Resumo

Espinosa não é para Weil uma presença estranha. Ao escrever sobre a condição operária no seu opúsculo Réfléxions sur les causes de la liberté et de l’ oppression sociale, a filósofa  apela  expressamente para o autor do Tratado Político, abrindo o seu texto com uma citação desta obra: “ No que diz respeito às coisas humanas não devemos rir, nem chorar nem indignarmo-nos mas apenas compreender.”Ambos partilham esta atitude de interesse pelos fenómenos políticos, analisando-os tal como aparecem e procurando deles tirar ilações, numa tentativa de os perceber e não de os criticar, ou de pelo menos de perceber primeiro e criticar depois. É o que se passa com as análises da realidade social que Espinosa empreende nos seus tratados Teológico-Político e Político, uma perspectiva que reencontramos em Weil nos seus inúmeros textos sobre a situação dos operários e dos camponeses. Neste texto iremos aproximar os filósofos no que respeita à difícil vivência que ambos tiveram do seu judaísmo bem como à incompreensão de que foram alvo por parte dos seus contemporâneos. Focaremos as divergências incontornáveis e os cruzamentos possíveis, nomeadamente a procura de raízes, a religiosidade depurada e a tentativa de estabelecer uma coerência entre o pensar e o agir.

 

Résumé:

Pour Simone Weil Spinoza ne constitue pas une présence étrangère. En écrivant sur la condition ouvrière dans son opuscule Réflexions sur les causes de la liberté et de l’ oppression sociale, la philosophe se réfère expressément à l' auteur du Traité Politique, et commence son texte avec un citation de cette ouevre: " En ce qui concerne les choses humaines, ne pas rire, ne pas pleurer, ne pas s' indigner, mais comprendre". Tous les deux partagent une attitude d' intérêt pour les phénomènes politiques, et procèdent à son analyse tels qu' ils apparaissent, essayant d'en tirer les conséquences, ayant en vue une attitude de compréhension et non de critique. C´est ce qui se passe avec les analyses de la réalité sociale que Spinoza élabore dans ses traités Thélogico-Politique  et Politique, une perspective que nous rencontrons dans les textes de Simone Weil sur la situation des ouvriers et des paysans. Dans ce texte on va approcher les philosophes dans ce qui concerne l' expérience difficile que tous les deux ont eu du judaïsme bien comme l' incompréhension qu'ils ont reçu de la part de ses contemporains. On soulignera leurs  divergences et leurs rapprochements, notamment la recherche des racines, la religiosité épurée et l'effort pour établir une cohérence entre la pensée et l'action.

Mots-clés: Espinosa. Simone Weil. Religiosité. Judaïsme.

Biografia do Autor

Maria Luísa Ribeiro Ferreira, Universidade de Lisboa

Professora associada (com agregação) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde leciona Filosofia Moderna, Didática da Filosofia e Filosofia da Natureza e do Ambiente. Coordenou um Projeto de Pesquisa sobre Filosofia no Feminino.

Arquivos adicionais

Publicado

02-09-2010

Como Citar

Ribeiro Ferreira, M. L. (2010). Encontros e desencontros de dois filósofos “judeus” - Simone Weil e Espinosa. Revista Conatus - Filosofia De Spinoza (ISSN 1981-7509), 4(7), 37–54. Recuperado de https://revistas.uece.br/index.php/conatus/article/view/1717