Servidão humana e imanência na filosofia de Benedictus de Spinoza
Palavras-chave:
Spinoza. Servidão. Imanência.Resumo
Benedictus de Spinoza (1632-1677), num primeiro momento definirá a servidão humana no prefácio da EIV como impotência humana de regular e coagir a força dos afetos de modo que o homem não se encontra sob a jurisdição de si mesmo, mas ao poder da Fortuna. O fato da tal definição, assim com as definições de bem e mal, perfeito e imperfeito, não está nas definições gerais que abrem todo o início das cinco partes da Ética ou mesmo nas demonstrações, escólios ou corolários. É matéria de investigação e questionamento para se entender a importância da própria ordem de exposição do método geométrico, bem como o real sentido desses conceitos. Dessa forma, podemos afirmar que esses conceitos se diferenciam do plano ontológico necessário. Gilles Deleuze, por sua vez, aponta a existência de duas escritas da Ética: A das definições, axiomas, proposições, demonstrações e corolário que falam questões especulativas com o máximo de rigor do raciocínio. E a outra, dos escólios, apêndices e prefácio “[...] que exprime todas as cóleras do coração e expõe as teses práticas de denúncia e libertação” (DELEUZE, 2002 p. 35). Nesse sentido, buscaremos expor como a definição de servidão humana não geométrica se articula com o plano da imanência tendo em vista que, como Deleuze ressalta: “A transcendência é sempre um produto da imanência” em outras palavras, a discussão da servidão humana mesmo pertencente ao campo da contingência é possível explicar suas causas no plano necessário da imanência, pois não há um fora, logo a contingência não é excluída como um polo oposto à imanência, mas sim explicada conforme suas causas determinadas.
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