Sobre o erro na Ética de Espinosa
Palavras-chave:
Espinosa, Verdade, Falsidade, LiberdadeResumo
Os objetivos das Proposições analisadas no presente artigo (E2P34-36) são 1) mostrar em que consiste uma ideia verdadeira, quer dizer, adequada e perfeita, seja referida a Deus, seja referida à mente humana; e 2) mostrar a gênese do erro como privação de conhecimento, ou seja, como uma espécie de parcialidade que carece da forma e do conteúdo da verdade. Nestes termos, a ideia adequada exige compreender Deus, nós mesmos e as coisas a partir de nossa potência de pensar, entendida como parte do intelecto infinito. Nestes termos, o conhecimento adequado é a plena ligação do intelecto finito com o intelecto infinito, a qual resulta na conveniência de nossas ideias com os ideados a que se referem. O erro, por sua vez, configura o estado em que não estamos em plena posse de nossa potência de pensar e por isso explicamos o que somos e o que está fora de nós a partir da faculdade de imaginar e não a partir da forma (nossa potência de pensar) e do conteúdo (conveniência da ideia ao ideado) da ideia verdadeira. Isto permite a Espinosa indicar, ademais, em que sentido podemos ser livres. Este tema aparece nos exemplos citados durante a argumentação, porém, parece-nos que tais exemplos não são fortuitos já que estão diretamente relacionados à configuração de nossa verdadeira liberdade.
Referências
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DELEUZE, G. Spinoza et le problème de l’expression. Paris: Éditions de Minuit, 1968.
ESPINOSA, B. Ética. Tradução e notas de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
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